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Depois da chuva: moradores temem futuro após alagamentos em Itapevi

Por: Carol Lima

Moradora do Jardim Portela, na avenida Leda Pantalena, Andreia Patrícia Ruy, 52, tem um comércio em um dos pontos que ficaram alagados na última quarta-feira (14), em Itapevi, na Grande São Paulo. Vendedora de bolos, pães, doces e salgados, a comerciante perdeu todo o material de trabalho na enchente.

“Choveu muito, entrou água no estabelecimento e tudo que a gente tinha foi jogado fora, com bolos, pão de queijo. A gente não tem dinheiro para repor o prejuízo”, comenta Andreia.

Cama improvisada com bloco para ficar acima das águas em dias de chuva @Léu Britto/Agência Mural

Do outro lado do córrego na parte do São Carlos, Thaís Lene Aparecida de Souza, 24, mora com a filha de 7 anos e o irmão, e teme pela casa desmoronar após as fortes chuvas.

“Perdi tudo. Todo ano é a mesma coisa”, afirma Thaís. “Tive que dormir na casa dos vizinhos, a enchente veio e destruiu meu colchão e a casa, todo ano é a mesma coisa, e cada vez mais a enchente vem pior”, ressalta.

Danos causados após enchente em Itapevi @Léu Britto/Agência Mural

Os alagamentos vividos nos últimos dias têm se repetido, segundo moradores. Os bairros Jardim Portela e São Carlos, cortados pelo córrego São João, foram os mais afetados.

A Agência Mural esteve presente após o ocorrido para mostrar a realidade dos moradores da região afetada. Eles relatam receio de novos problemas, enquanto obras no local ainda não foram feitas. Uma delas é a canalização de um córrego. No entanto, eles temem ser desapropriados e não ter um novo lugar para morar.

A casa de Thaís é uma das que pode ser comprometida com a canalização do córrego São João.

‘Eles falaram que iam derrubar essas residências para canalizar o rio, mas quem garante que eles vão dar uma casa para gente’ 

Thaís, moradora de Itapevi

Já o mecânico Carlos Alberto da Silva, 58, morador do Jardim Portela, relata que o problema tem ocorrido há muito tempo, e aponta a falta de limpeza da tubulação como um dos causadores das enchentes. “A água não tem para onde ir, falta um piscinão”, opina o morador, que também é crítico da retirada dos moradores.

“A gente trabalha a vida todinha, constrói para chegar agora e querem tirar todo mundo, são cerca de 150 famílias que eles querem tirar daqui”, aponta Silva.

O mecânico Carlos Alberto aponta que problemas são antigos no bairro @Léu Britto/Agência Mural

Em nota, a Prefeitura de Itapevi afirma que o projeto de canalização do córrego São João já está cadastrado no PAC (Programa de Aceleração e Crescimento), do Governo Federal, e está em análise pelo órgão. A gestão diz que na próxima semana será feita uma reunião com o Ministério das Cidades para tratar do assunto.

A gestão diz ter apoiado os moradores após o ocorrido e que cerca de 30 famílias foram atendidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social durante o alagamento da quarta-feira (14). 

Em relação a canalização, a prefeitura relata que se inscreveu em um projeto de obra de micro e macrodrenagem do Ribeirão São João e uma extensão de 3.235 metros do trecho entre a Estrada da Servidão e a Praça do Nordestino.

O projeto prevê a canalização com aduelas de 8 metros e irá beneficiar bairros adjacentes com Jardim Portela, Santa Rita e São Carlos. A estimativa é que atenda cerca de 12 mil habitantes, além da população que transita pela região.

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