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Denúncias de violência contra a mulher crescem na quarentena; ouça o podcast

Em São Paulo, as denúncias de violência domésticas tiveram um aumento de cerca de 20%

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Por: Redação

Notícia

Publicado em 06.05.2020 | 22:48 | Alterado em 20.09.2020 | 22:54

Tempo de leitura: 4 min(s)

De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública, entre 20 de março e 13 de abril, as denúncias de violência contra a mulher em São Paulo tiveram um aumento de cerca de 20%. 

O Em Quarentenaconversou com mulheres que atuam no combate à violência contra mulher em periferias para entender os possíveis motivos desse crescimento em meio a pandemia do coronavírus

Danielle Braga é psicóloga de quebrada e atua em casos de violência contra mulher no Capão Redondo, Campo Limpo e Jardim São Luís, distritos da zona sul de São Paulo. 

Ela apontou que a falta de acesso das mulheres que sofrem violência, principalmente nas periferias, às estruturas de apoio já é algo antigo. 

“Antes da pandemia a gente já tinha muitas dificuldades em relação aos atendimentos para essas mulheres, por conta do desmantelamento da assistência social. A gente já vinha de um processo em que elas não tinham como confiar na estrutura oferecida”. (ouça a partir de 01:09)

Braga reforçou que é tanta negligência que a mulher não se sente no direito de receber cuidados. “Como a mulher periférica se enxerga diante do Estado e para si mesma como uma pessoa que não merece cuidado e atenção, às vezes, ela tem muita dificuldade de acessar alguns serviços e equipamentos de cuidado, porque essa palavra parece que não existe no seu vocabulário”. (a partir de 01:54)

A psicóloga disse ainda que com a chegada do coronavírus, a situação, que já era negligenciada, só tende a piorar. “Pelo fato das mulheres, agora, terem de ficar em casa e todos aqueles outros problemas que já aconteciam nas quebradas, não justificavam […] mas isso favorecia o comportamento agressivo e agora isso está aos montes”. (ouça em 02:32)

Kelly Oliveira coordena um centro de atendimento a mulheres em situação de violência na zona leste. Ela afirmou que a prefeitura e o governo do Estado não se prepararam para enfrentar a questão da violência doméstica durante a pandemia. 

“Não há nenhuma tática ou estratégia do Estado para que as mulheres de fato sejam protegidas. Não adianta pensar só na divulgação de números telefônicos, para mais uma vez dizer que as mulheres têm à disposição delas uma rede super ampla de cuidado ao qual ela pode acessar”. (em 03:18)

Ela também falou sobre medidas emergenciais. “A gente não tem até agora um plano emergencial para dar conta dessas situações de violência nessa conjugação com isolamento social e muito menos uma política de enfrentamento”. (em 03:53)

A psicóloga comentou sobre o aumento do serviço da delegacia eletrônica, medida adotada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ela disse que, mesmo que agora seja possível fazer boletins de ocorrência de violência doméstica online, isso ainda não é suficiente.

“Muitas dessas mulheres não têm acesso à internet e muitas não são alfabetizadas. A medida atende uma determinada população de mulheres que são vítimas  de violência, mas têm algumas que não vão conseguir ter esse tipo de informação, de suporte e apoio que é dado, às vezes, como a única possibilidade”. (em 04:26)

A coordenadora do centro da zona leste enfatizou que o papel dos coletivos feministas de quebrada acaba sendo fundamental, mas não deveriam ser a única opção. “Muitos coletivos autônomos e feministas têm feito ações, sobretudo, nas regiões dos extremos, pensando essa atuação mais real e mais efetiva nas comunidades”. (em 05:17)

No episódio 18 do “Em Quarentena”, o podcast contou histórias das iniciativas solidárias que estão rolando no período da quarentena. Uma delas era a “Rede de apoio às Mulheres e Famílias da zona Show”. 

Danielle Braga reforçou que, apesar de toda dificuldade, é muito importante romper o silêncio e denunciar situações de violência doméstica.

“A gente não merece. Não fomos feitas para isso. Mas sim para gerar vida e viver uma vida plena para nós mesmas. É muito importante que a gente conceba essa ideia de que meu corpo merece ser cuidado, minha integridade física e emocional merecem ser preservadas”. (em 06:34)

Saiba como denunciar

Em todo Brasil e em outros 16 países:

Central de atendimento à mulher em situação de violência

Ligue 180 – Funciona sob anonimato, 24 horas por dia, inclusive nos feriados.

Em São Paulo:

Defensoria Pública 

Ligue 0800 773 4340 / Site www.defensoria.sp.def.br 

Casa da Mulher Brasileira

Rua Viêira Ravasco, 26 – Cambuci, São Paulo – SP, 01518-030. Conta com uma equipe multidisciplinar de acolhimento. 

Delegacias da Mulher 

Na capital há nove delas. Aqui tem um mapa com os endereços. 

Polícia

Ligue 190 ou faça um boletim de ocorrência digital acessando delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #29: Denúncias de violência contra a mulher crescem na quarentena.

 

Podcast Em Quarentena

Viver em meio ao coronavírus não deve estar sendo fácil para ninguém. Imagina então para quem vive nas periferias. 

O “Em Quarentena” é o podcast especial que a Agência Mural de Jornalismo das Periferias criou neste momento da pandemia. Queremos informar, com notícias do dia a dia, quem mais precisa se virar meio a esse caos.

Você pode receber o podcast diretamente no seu Whatsapp, enviando um “Oi” para +55 11 9 7591 5260. Ouça também no Instagram, Youtube, Spotify, Deezer, Apple e Google Podcast.

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