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Jornalista dá dicas para a cobertura de desastres ambientais na periferia

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Por Redação | 05.07.2016

Publicado em 05.07.2016 | 16:37 | Alterado em 31.01.2023 | 15:57

Tempo de leitura: 2 min(s)
Estragos causados pela chuva em março de 2015, na cidade de Mairiporã — Foto: Humberto Do Lago Muller/Agência Mural

Um dos episódios mais tristes e marcantes sobre desastres ambientais no Brasil aconteceu em novembro de 2015, na cidade de Mariana, Minas Gerais. Uma barragem de rejeitos de mineração de ferro da mineradora Samarco — controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton — se rompeu e soterrou um distrito da cidade. Dezoito pessoas morreram. A lama, que estava repleta de resíduos tóxicos, se desencadeou e invadiu o Rio Doce, além de atingir o litoral do Espírito Santo.

Quando o desastre aconteceu, o jornalista Lucas Ferraz e seu companheiro de trabalho, o fotojornalista Avner Prado, foram enviados até o estado mineiro pela Folha de S. Paulo. Os dois produziram a série de reportagens “Caminhos da Lama”.

Durante o 11º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), eles relataram sua experiência aos congressistas.

Na periferia, frequentemente presenciamos diversos casos de desastres ambientais — naturais ou causados pelo homem. Muitas vezes pela falta de estrutura, recursos e investimentos em melhorias habitacionais para a população local. Algumas casas são construídas de forma irregular, não há canalização de esgoto, as ruas não são asfaltadas, o que acaba futuramente trazendo risco aos moradores.

Um desabamento de terra — como o que aconteceu em Mairiporã em março deste ano; um incêndio de grandes proporções — igual ao que destruiu moradias de aproximadamente 160 famílias na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo; alagamentos de córregos — assim como os que ocorrem próximos ao Rio Baquirivu, em Guarulhos, quando fortes chuvas caem na cidade. Todas essas situações exigem um preparo para as suas coberturas de forma jornalística.

Diante disso, como um correspondente local deve reportar os fatos? Ferraz falou sobre a cobertura de desastres ambientais, levando em consideração as lições de Mariana. Segundo ele, conhecer bem o lugar onde o desastre aconteceu é fundamental, até mesmo para a segurança física do repórter.

“Conhecer a realidade local é imprescindível. No caso de Mariana, por exemplo, como eu sou da região, foi mais fácil chegar até os lugares por onde a lama passou. Não que alguém de fora não pudesse fazê-la, mas como eu já estava ali acho que isso ajudou muito. Quando você conhece a realidade do local é mais fácil”, explica.

Outro fator importante no trabalho do correspondente é procurar saber o porquê do desastre ter acontecido. Por trás dele pode existir um descaso político. “Entre os fatores que podem desencadear um desastre ambiental dentro da periferia, estão o crescimento irregular de casas, a falta de estrutura em rede de esgoto. Muitas vezes a prefeitura não regulariza as moradias, quando tem chuva não há preparo. Enchentes, por exemplo, nós sabemos que acontecem todos os anos, o governo sabe, então é necessário que haja uma preparação para evitar possíveis tragédias”, ressalta Ferraz.

Em muitos casos, as famílias acabam perdendo entes queridos e até suas casas, ficando desabrigadas. É um momento muito delicado, enfatiza Ferraz. O repórter precisa saber como abordar a situação sem ser invasivo. “Respeito ao momento durante as conversas é imprescindível”, finaliza.

Thalita Monte Santo é correspondente de Guarulhos
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