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Moradores de SP veem aumento da desigualdade e maioria desaprova volta às aulas

Por: Lucas Veloso

Aumento da desigualdade na cidade, piora no aprendizado e crianças e adolescentes que abandonaram os estudos. Para moradores de São Paulo, estes foram os principais impactos da pandemia de Covid-19.

Os dados foram coletados da pesquisa “Viver em São Paulo: Especial Pandemia — Parte 4”, realizada. pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. 

Sobre as consequências para os alunos e alunas causados pela pandemia, 55% consideram que o aumento da desigualdade foi o maior deles. Tanto que seis em cada 10 disseram ter perdido renda este ano.

Um dos principais impactos foi a educação. Segundo os entrevistados, os estudantes das famílias mais vulneráveis não tiveram acesso ao ensino remoto. A piora no aprendizado (44%) e a evasão escolar (36%) foram os dois fatores mais citados por paulistanos. 

Segundo os resultados, 47% consideraram adequado o método de ensino a distância durante pandemia. Por outro lado, o maior problema relatado foi a dificuldade de manter filhos concentrados, citado em 48% das respostas. As reclamações com a internet aparecem na sequência, com 33%.

Desigualdade aumentou na pandemia na avaliação de moradores de SP @Léu Britto/Agência Mural

VOLTA ÀS AULAS
A pesquisa também ouviu as pessoas sobre a retomada das aulas presenciais em creches e escolas na cidade de São Paulo. Para 81% dos participantes, o retorno é uma medida inadequada. Outros 15% responderam que concordam com a volta.

Dentre os motivos mais citados contra o retorno às aulas presenciais estão o risco à saúde dos estudantes, professores e outros profissionais da área, com 28% das menções. Com 23% das respostas, apareceu a dificuldade de se manter distanciamento social entre crianças pequenas. Para 82%, a contaminação do vírus vai aumentar caso haja uma retomada agora.

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Educadores ouvidos pela Agência Mural se disseram contrários ao retorno. Entre os relatos, estão escolas construídas em prédios antigos com problemas na estrutura e sem ventilação adequada, além de alta de água e jornadas de trabalho exaustivas. 

O representante dos diretores das escolas da DRE Itaquera, Davi do Carmo Ferreira ressaltou a falta de preparo das unidades para lidar com a pandemia. “Como vamos fazer a higienização, a limpeza, lavar a mão das crianças, sendo que no nosso cotidiano dentro da normalidade já existia falta de água nas escolas?”, questionou o educador.

Na Grande São Paulo, algumas cidades decidiram que o retorno será apenas em 2021. Em São Bernardo do Campo, a preocupação segue entre as mães, que se dizem receosas sobre volta às aulas da rede pública de ensino devido os altos índices de casos de covid-19 no município

Um dos exemplos é a enfermeira Janaína de Oliveira Pinto, 32, mãe solo de Lucas, 8. Ela diz que confiará na escola somente quando houver o remédio contra a Covid-19.  “Acredito que será possível [a volta], quando houver um tratamento efetivo ou uma vacina. As escolas municipais não tem suporte para ter tantos materiais de limpeza e higiene”, contou.

Os paulistanos que foram favoráveis ao retorno alegaram que “se praticamente todos os setores já retornaram às atividades, as escolas também podem”, com 17%, “É preciso retomar a normalidade, preservando a saúde mental das crianças”, apareceu em segundo lugar com 16%. 

Por último, 14% responderam que as escolas fechadas prejudicam os mais pobres e aumentam a desigualdade entre os alunos de escolas públicas e particulares. 

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