APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias

Erica Pessoa/Clube Mural/Agência Mural

Por: Redação

Notícia

Publicado em 24.06.2022 | 16:26 | Alterado em 11.07.2022 | 17:24

Tempo de leitura: 3 min(s)
Esta reportagem foi produzida com o apoio do Instituto Unibanco IU

Os postes de energia da comunidade do Gesso, no Crato, interior do Ceará, estão iluminados com poesias. Os textos de poetas de todo o Brasil colados na rede de iluminação pública fazem parte do Poste Poesia, uma das ações criadas pelo Coletivo Camarada, que desde 2007 desenvolve projetos para estimular a leitura.

“A poesia que está no poste se torna uma dimensão utópica de organização popular em torno da leitura e da literatura. Essas são formas de deixar a literatura acessível e fazer com que ela ganhe sentido para as camadas populares’’, diz Alexandre Lucas, 43, pedagogo, militante e presidente do coletivo.

As poesias coladas nos postes são substituídas quando danificadas @Erica Pessoa/Clube Mural/Agência Mural

Outra ação com o propósito de espalhar literatura pela comunidade são as chamadas higinotecas, que são pontos de leitura com livros de literatura infantil. Atualmente, a comunidade do Gesso tem dez pontos espalhados pelo bairro em pequenos comércios.

O nome do projeto tem como inspiração o trabalho do ambulante Antônio Higino, cordelista que ficou conhecido por usar uma kombi itinerante para emprestar livros de cordel para a população da cidade.

A mercearia do comerciante Bonfim Alves Teixeira, 60, é um desses pontos. O proprietário do local aproveita a iniciativa para ler algumas publicações disponíveis.

“O livro que mais gosto de ler é o da Turma da Mônica, acho muito bom ler em formato de gibi. Quando era mais jovem, lia muitos livros. Depois que tive filhos, parei de ler e como os livros estão aqui à disposição, às vezes, pego um e leio”, diz Teixeira.

Na lanchonete da comerciante Vera Lúcia Pereira do Nascimento, 51, a iniciativa aproxima o público infantil. “Parabenizo essa ação. Muitas crianças vêm comprar salgado e levam livros emprestados. Às vezes, sentam e leem aqui mesmo enquanto preparo o salgado delas. E é um sucesso quando as pessoas chegam e percebem que existe essa leitura aqui”, comemora.

Vera Lúcia Pereira do Nascimento tem ponto de higinoteca em sua lanchonete @Erica Pessoa/Clube Mural/Agência Mural

O comerciante Bonfim Alves Teixeira aproveita para ler as publicações deixadas no seu comércio @Erica Pessoa/Clube Mural/Agência Mural

Alexandre Lucas, morador da comunidade do Gesso e presidente do Coletivo Camaradas @Erica Pessoa/Clube Mural/Agência Mural

Elisabete Pacheco, coordenadora do núcleo de contação de história - Território da Palavra @Divulgação/Jr. Panela

Sede do Coletivo Camaradas, onde funciona a biblioteca comunitária no bairro do Gesso @Erica Pessoa/Clube Mural/Agência Mural

Além dessas ações espalhadas, o coletivo tem desde 2013 uma sede fixa na rua Monsenhor Joviniano Barret, onde atualmente funciona uma biblioteca comunitária. A iniciativa atende além da comunidade do Gesso, a população de bairros próximos como Palmeiral, Santa Luzia, Pinto Madeira, São Miguel e Centro.

O estudante José Denílson Raylan da Silva Augustinho, 12, integrante do Coletivo Camaradas, conta que aprendeu a fazer interpretação de poesias após passar a frequentar o projeto. “Gosto de pegar livros emprestados, ler poesias e desenhar. O Coletivo me despertou o interesse na leitura e nas atividades escolares”, diz.

As publicações de gêneros diversificados foram doadas por pessoas que colaboram com o projeto e adquiridas por editoras por meio de editais. No local, também ocorrem contação de histórias, ação que faz parte do projeto Território da Palavra e que tem parcerias com instituições como Sesc, Companhia de Forrobodó (PB), e Proex (Pró-Reitoria de Extensão), da Urca (Universidade Regional do Cariri).

“Contamos histórias para entrelaçar pessoas, para criar vínculos a partir da oralidade que surge espontaneamente na região do Cariri; é muito importante e significativo porque as crianças sentam, ouvem as histórias e se conectam. Elas vão para o Coletivo Camaradas porque gostam e se sentem acolhidas”, diz a professora Elizabete Pacheco, 44, coordenadora do núcleo de contação de história do projeto.

No Coletivo Camarada desde 2017, Elizabete destaca o papel das relações e conexões possíveis por meio da literatura. “Você consegue acessar o íntimo das pessoas através das histórias. É muito interessante, porque é como se tivesse um portal mágico e você entrasse ali, nesse espaço”.

Serviço da Biblioteca comunitária

Endereço: Rua Monsenhor Joviniano Barret, 350, Gesso, Crato-CE

Endereço: Às segundas, quartas e sextas-feiras, das 15h às 17h.

Preço: Gratuito

Redes: @coletivocamaradas

Por Erica Pessoa, do Crato, no Ceará

Essa reportagem foi produzida por um dos estudantes universitários do Ceará participantes do “Acontece nas Escolas”, programa de bolsas de jornalismo da Agência Mural em parceria com o Instituto Unibanco. A iniciativa faz parte do Clube Mural, nossa área de treinamento e laboratório de prática e experimentos em jornalismo local e das periferias.

receba o melhor da mural no seu e-mail

Redação

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias tem como missão minimizar as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre as periferias da Grande São Paulo.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE