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População da Vila Itaim cobra ações antienchentes antes das chuvas de verão

Na zona leste, bairros próximos ao rio Tietê alagam quando chove; em junho, a Prefeitura retirou R$ 8,4 milhões destinados ao combate das enchentes

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Por: Redação

Publicado em 21.08.2020 | 21:17 | Alterado em 21.08.2020 | 21:17

Tempo de leitura: 4 min(s)
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Córrego Itaim deságua no rio Tietê, na zona leste de São Paulo (Julia Reis/ 32xSP)

Na zona leste de São Paulo, moradores da Vila Itaim, Vila Seabra e Vila Aimoré cobram da Prefeitura ações de combate a enchentes na região, antes que a temporada das chuvas de verão se aproxime. Os três bairros são cortados córregos e, por estarem próximos à várzea do rio Tietê, sempre ficam alagados quando chove.

“Toda vez que a água entra, eu perco os móveis de casa. Muita gente fala ‘por que você não se muda?’. Só que é uma luta para comprar o cantinho da gente, e não tem quem consiga pagar aluguel”, comenta Aparecida de Lourdes, 63, moradora da Vila Aimoré há mais de 30 anos.

A casa de Aparecida, que recebe cobranças de IPTU normalmente, fica na beirada do córrego Itaim, que divide a Vila Aimoré e a Vila Itaim. Ambos os bairros estão localizados onde há os maiores registros de enchentes na região.

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A moradora conta que a casa dela e a de outros vizinhos estão com as paredes rachando, enquanto outras residências correm o risco de ceder para dentro do córrego.

“De noite, quando chove, eu não consigo dormir direito porque toda hora eu acordo para ver se está entrando água em casa”
Aparecida de Lourdes, moradora da Vila Aimoré

O problema é uma novela antiga que os moradores vivem todos os anos. No início de 2020, a região foi bastante afetada pelas enchentes e a Prefeitura de São Paulo decretou estado de emergência no local.

Após pressão dos moradores, foram destinados R$ 8,4 milhões para a execução de um projeto de contenção de enchentes nas margens do córrego Itaim e demais melhorias em bairros próximos.

No local, desde 2017, há uma obra realizada pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) com o objetivo de diminuir o risco de inundações. Com previsão inicial para ser entregue em dezembro de 2019, que depois foi alterada para junho de 2020, a obra ainda não foi concluída.

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No entanto, no último dia 16 de junho a verba de R$ 8,4 milhões, destinada aos serviços no entorno da Vila Itaim, foi remanejada para cobrir despesas nas secretarias municipais das Subprefeituras e da Pessoa com Deficiência, segundo o decreto nº 59.538.

“A retirada afetou o Itaim Paulista e também o Jardim Helena, dois distritos que sofrem muito com as enchentes”, comenta Euclides Mendes, 49, morador da Vila Itaim.

Ele conta que a população e as lideranças comunitárias organizaram uma manifestação para protestar contra a medida, no dia 18 de julho, tomando os cuidados necessários com a pandemia do coronavírus.

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Manifestação ocorreu na Vila Itaim, na zona leste (Euclides Mendes/Vítor Hugo/Reprodução)

“Depois disso, o subprefeito [de São Miguel Paulista*] compareceu à região e nos prometeu a limpeza de três córregos: Lajeado, Itaim e Três Pontes. Isso para nós é muito importante porque a limpeza tem que ser feita agora nos meses secos de inverno, quando é mais fácil limpar os córregos”, afirma Mendes.

O morador chama a atenção, contudo, para uma preocupação com a limpeza do rio Tietê, já que seis córregos da Subprefeitura Itaim Paulista deságuam nele. Ele cita, como exemplo, o Jardim Romano (pertencente ao distrito do Jardim Helena), que também fica em uma área de várzea.

“Em 2010, foi feito o primeiro pôlder da região no córrego Três Pontes, que sempre transborda. Mesmo com o pôlder, temos relados de moradores de lá que ainda sofrem com os alagamentos por falta de limpeza do rio”, afirma. “Não adianta limpar os córregos se não tiver uma ação no rio Tietê”.

SEM PREVISÃO

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Obra começou em 2017 no córrego Itaim (Julia Reis/32xSP)

Em julho, a Agência Mural publicou uma matéria sobre o protesto organizado pelos moradores. À reportagem, o DAEE disse que a construção do muro de contenção no córrego Itaim será feito pela Subprefeitura Itaim Paulista. Já a subprefeitura citada informou que não há previsão para o início das obras e nem o retorno da verba retirada.

ORÇAMENTO PARA 2021

Nos último meses, durante participação popular na elaboração do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) 2021, a população da Subprefeitura Itaim Paulista elegeu o “controle de cheias nos córregos da região” como uma das cinco propostas a serem incluídas no orçamento de São Paulo para o próximo ano.

A proposta, vinda dos próprios moradores, pede uma intervenção de controle de cheias em bacias do Ribeirão Água Vermelha, do Ribeirão Lajeado e dos córregos Itaim, Tijuco Preto e Três Pontes.

No entanto, o orçamento da cidade para o próximo ano ainda está em processo de definição e quem decide o que entra, ou não, na Lei Orçamentária anual de 2021 é a Câmara Municipal de São Paulo. Os vereadores têm até o dia 30 de setembro para fazer isso.

Com colaboração de Danielle Lobato.

*Importante destacar que as vilas Aimoré, Seabra e Itaim, apesar de estarem mais próximas à sede da Subprefeitura Itaim Paulista e ao córrego de mesmo nome, pertencem à subprefeitura vizinha, a de São Miguel Paulista. Os casos de alagamentos e situações de emergência no local são de responsabilidade dessa regional.

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