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Agência de Jornalismo das periferias

Por: Evelyn Fagundes

Notícia

Publicado em 21.07.2022 | 12:15 | Alterado em 27.07.2022 | 11:16

Tempo de leitura: 4 min(s)

Desde abril, o cartão Top se tornou o bilhete usado para pagar a passagem de ônibus intermunicipais, trem e Metrô, substituindo o cartão Bom (Bilhete de Ônibus Metropolitano).

No entanto, usuários do novo sistema expõem falhas desde o uso do aplicativo até o recebimento ou retirada do cartão, que não é feita em terminais de ônibus ou em estações específicas, mas na loja Pernambucanas. A situação tem gerado reclamações pela Grande São Paulo e uma campanha que cobra mudanças no serviço.

A mudança começou em novembro do ano passado, quando o governo do Estado de São Paulo iniciou o processo de substituição. Inicialmente, a alteração causou preocupação por conta da perda de integração em algumas cidades. Agora, as dificuldades começam já na hora de conseguir o novo bilhete.

“Passei horas na loja esperando o sistema voltar a funcionar para emitir meu cartão. Você enfrenta uma fila grande e pelo sistema ser instável, às vezes é necessário que você retorne outro dia”, relata o estudante Matheus Lima, 17, um dos criadores da “Top Pra Quem?”, campanha que pede melhora no sistema.

Posto de recarga do Cartão Top. Moradores reclamam de dificuldade para conseguir retirar o bilhete @Mateus Fernandes/Agência Mural

Morador de Guarulhos, ele estuda em uma ETEC (Escola Técnica) na Penha, na zona leste de São Paulo. Para trocar de cartão, teve de ir até o centro de São Paulo para poder ser atendido nas Pernambucanas, loja que hoje faz os serviços de emissão do bilhete.

Ele foi até a capital porque nenhuma outra loja estava disponível no agendamento que fez online para ser atendido presencialmente.

“É tudo meio confuso, ficava no meio da loja, meio espalhado”, afirma o estudante.

“Seria muito mais acessível se fosse em terminais e estações, num lugar que estudantes e trabalhadores passem no dia a dia. Não é algo rotineiro ir até a loja Pernambucanas”

Matheus Lima, 17, estudante

O “Top Pra Quem?” reivindica que mais postos físicos de atendimento sejam criados, com opções em terminais de ônibus ou estações de trem ou Metrô. Até esta quinta-feira (21), 229 pessoas assinaram o protesto.

Quem também enfrentou uma longa jornada para conseguir o cartão foi a estudante Gabriela Hernandes, 21. Ela vive dificuldades com o novo sistema desde novembro, quando solicitou o recebimento do Top onde mora, no bairro Cumbica, em Guarulhos.

Um mês depois da solicitação, Gabriela não recebeu o bilhete pelos Correios e resolveu entrar em contato com a equipe do Top. “Eu mandava vários e-mails e eles só falavam para aguardar porque a demanda estava muito grande”.

Em março, a estudante voltou a conversar com a Autopass, empresa que faz a gestão do bilhete. A administradora solicitou os dados da estudante e depois sugeriu que ela entrasse em contato com a central de atendimento pelo telefone ou pelo Whatsapp.

“Fiz todo esse processo. No Whatsapp não funcionou e por ligação quando eu chegava no final do trâmite, a ligação caía”.

Sem sucesso com o atendimento online, Gabriela foi para uma loja Pernambucanas. No momento de impressão, outro problema: por um erro do sistema foi necessário imprimir dois cartões.

“A moça me disse que tenho que ficar com os dois, mas que o correto era apenas um, que o segundo cartão estaria errado e que por um bug do sistema se eu recarregasse pelo aplicativo a carga poderia cair nesse cartão errado.”

Hoje, a estudante tem dois cartões Top e evita fazer recargas pelo aplicativo, que lhe ofereceriam uma maior praticidade. “Só recarrego no totem porque eu tenho medo de dar um problema e a carga cair no cartão que não funciona”.

Mudança para o Cartão Top começou em novembro do ano passado @Mateus Fernandes/Agência Mural

Crédito

Os estudantes também solicitam a simplificação dos processos de emissão do Top e mais postos para a retirada presencial do cartão.

“O cartão vem com essa proposta de ser menos burocrático e ter mais acessibilidade pelos meios digitais, porém não é toda a população que consegue ter educação tecnológica para realizar essas ações”, ressalta o estudante Matheus.

A estudante Maria Jhully, 18, uma das criadoras do “Top Pra Quem?”, conta que depois do lançamento da campanha, recebeu mensagens de que o aplicativo não funciona sem internet e como em algumas estações de Metrô o sinal de rede móvel fica instável, não é possível utilizar as cotas compradas no aplicativo.

Além disso, outra reclamação se refere aos códigos QR, emitidos no próprio aplicativo para desbloquear a catraca. Usuários mencionaram que esses códigos muitas vezes não funcionam nos embarques e por isso é necessário acionar algum funcionário da CPTM ou Metrô para tentar resolver o problema.

Problemas com aplicativo do cartão também estão entre reclamações @Mateus Fernandes/Agência Mural

Um motorista de ônibus da EMTU que pediu para não ter o nome identificado cita que essa tem sido uma das principais reclamações, em especial dos idosos, com receio das funções de débito e crédito.

“O idoso fica preocupado em perder o cartão e utilizarem na função crédito. ‘Eu não pedi cartão de crédito’, tudo isso sai no nosso ouvido ali. Espero que com o tempo isso se resolva”, afirma.

Gabriela solicitou um novo cartão e tentou optar pela função apenas para transporte, sem débito e crédito, mas não conseguiu. “Eu era obrigada a fazer um cartão com conta para emitir na loja. Como eu já estava esperando já fazia muito tempo, aceitei.”

Procurada, a Autopass não respondeu até a publicação deste texto.

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Evelyn Fagundes

Jornalista em formação pela PUC-SP, instituição onde desenvolve sua pesquisa sobre as obras do Racionais MC's. Mãe de pet e planta, canceriana e apaixonada por música. Correspondente de Guarulhos, na Grande São Paulo, desde 2022.

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