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Trânsito de São Paulo mata 474 pessoas em sete meses

Distritos centrais, como Brás, Pari, Barra Funda e Sé, são os mais perigosos para pedestres e motoristas, mostra Mapa da Desigualdade

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Por: Redação

Publicado em 19.12.2018 | 16:06 | Alterado em 19.12.2018 | 16:06

Tempo de leitura: 4 min(s)
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Avenida 23 de maio, na capital, uma das mais movimentadas avenidas do município (Wikimedia)

Dois balanços recentes sobre a violência do trânsito na cidade impressionam. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informa que o número de mortes causadas por acidentes de trânsito na capital paulista chegou a 474, apenas até julho deste ano. Já o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) registrou 8.744 ocorrências de acidentes e atropelamentos, até novembro.

Nesse mesmo mês, a Rede Nossa São Paulo divulgou o Mapa da Desigualdade 2018, estudo que fez uma radiografia em várias áreas da administração pública e já alertava para o problema da insegurança de pedestres e motoristas na cidade, especialmente nos distritos centrais.

No levantamento, o Brás, na região centro-leste, teve o pior índice de atropelamentos, com 2,81 para cada 100 mil habitantes, seguido do vizinho Pari, com 2,69.

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Entre os distritos mais perigosos, também ficaram a Barra Funda (zona oeste), com 1,29, e a Sé (centro), com 1,16.

No quesito de mortes em acidentes de trânsito, o panorama não é diferente. A Barra Funda atingiu 44,98 óbitos para 100 mil habitantes, o Pari teve 26,89, o Bom Retiro, 26,59, e a Sé, 23,18.

Cortada por vias importantes como a Marginal Tietê e as avenidas Francisco Matarazzo e Marquês de São Vicente, a Barra Funda tem trânsito intenso o dia inteiro. Polo de atração da cidade, a região abriga o Memorial da América Latina e o Parque da Água Branca, além de estações de trem e metrô, terminal rodoviário interestadual, universidade, casas noturnas e shoppings.

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A comerciante Silvia Pereira ouve relatos diários sobre acidentes (Sidney Pereira/32xSP)

A comerciante Silvia Pereira, 53, mantém um carro de lanches há 10 anos na rua Adolpho Pinto e afirma ouvir frequentes relatos de clientes sobre acidentes e atropelamentos.

O ponto de comércio dela fica a pouca distância da estação Barra Funda e de um campus universitário, que recebe milhares de estudantes todo dia.

“Na semana passada, falaram do atropelamento de uma senhora com uma criança e de uma batida. Sempre tem gente comentando sobre acidentes. Acho que muitas pessoas atravessam fora da faixa, no meio dos carros”
Silvia Pereira, comerciante

Segundo a comerciante, uma agência local do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) também atende muitos idosos, com mobilidade reduzida, e que se tornam vítimas constantes dos acidentes.

A sete quilômetros dali, o distrito do Brás atingiu o triste recorde de atropelamentos na cidade. São 2,81 acidentes com pedestres por cem mil habitantes.

Consumidores de todo o Brasil circulam na região, o ano todo, e basta caminhar pelas avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia para constatar os perigos a que os pedestres são expostos.

As calçadas, em mau estado de conservação, são tomadas por ambulantes que expõem seus produtos e deixam pouco espaço para a circulação. Assim, as pessoas invadem os corredores de ônibus, com alto risco de acidentes.

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Na rua Oriente, no Brás, pedestres atravessam em meio aos veículos (Sidney Pereira/32xSP)

No largo da Concórdia e vias do entorno, a situação é a mesma. A dona de casa Joselaine Souza, 31, a cada 15 dias faz compras no Brás “para revender roupas e ajudar no sustento da casa” e diz estar acostumada a andar na “confusão de gente”. Para ela, os acidentes acontecem por distração.

“Eu já tenho as lojas certas pra comprar, mas, quando a calçada fica cheia, com muito marreteiro, as pessoas caminham pela rua e se distraem olhando as vitrines. Então, vem uma freada e alguém vai pro chão. Os motoristas também ficam sem paciência, buzinam, e sempre alguma batida acontece”
Joselaine Souza, dona de casa 

474 MORTES

Sobre o balanço do atendimento de situações de urgência e emergência no trânsito pelo Samu, que chegou a 8.744, até novembro, a Secretaria Municipal da Saúde destaca que “os números apresentados não representam o quantitativo total das ocorrências, já que o atendimento é feito também por outros órgãos e serviços municipais e/ou estaduais”.

O 32xSP enviou à CET perguntas específicas sobre a questão de acidentes e atropelamentos na região central, incluindo eventuais projetos para aumentar a segurança, mas o órgão de trânsito não respondeu nenhuma delas.

Genérica, a nota da CET justifica que “houve queda de 7% nas mortes na capital em 2017, na comparação com 2016. Em 2018, a tendência permanece e a queda de acidentes entre janeiro e julho de 2018 foi de 4,5%. Foram 474 óbitos este ano contra 494 no mesmo período de 2017”.

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Segundo a companhia, “a administração municipal tem investido em políticas de conscientização, melhorias na sinalização viária e na prevenção de acidentes, como o Programa Vida Segura, que adota o conceito de Visão Zero, partindo da premissa de que nenhuma morte é aceitável no trânsito”.

A CET alega que “pela primeira vez na história, o índice de óbitos no trânsito está em 6,38 por 100 mil habitantes, alcançado em julho deste ano. Até 2020, a meta determinada pela ONU para a capital paulista, na Década de Ações para a Segurança Global no Trânsito, é de um índice de 6 mortes/100 mil moradores”.

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