Igrejas evangélicas nas periferias

Dados do Pindograma, site de jornalismo de dados, mostram que na última década a cidade de São Paulo ganhou uma nova igreja
evangélica a cada
seis dias

Os números foram extraídos do IPTU paulistano e revelam que, em 2011, havia 1.633 igrejas evangélicas na capital. Em 2020 saltou para 2.186, É um crescimento de 34%

2020

2186
igrejas

Alta de
34%

1633
igrejas

2011

O distrito campeão em novas igrejas foi a Cidade Ademar, na zona sul, com um crescimento de 206%. Eram 16 templos evangélicos em 2011 e 49 em 2020

Difereça de 206%

49

16

Cidade Ademar

A zona sul domina o pódio dos distritos com maior crescimento na quantidade de novos templos. Atrás da Cidade Ademar vem o Grajaú (aumento de 148%) e o Jardim Ângela (113%)

25

62

49

23

Jd. Ângela

Grajaú

+113%

+148%

Há dois principais motivos para esse aumento:

-Empreendedora:
quando um seguidor decide começar sozinho um novo espaço

- Meritocrática:
quando recebe a missão de abrir uma “unidade” da igreja no bairro

“Você abre a garagem da sua casa, coloca quatro cadeiras, um púlpito, um microfone, se autodenomina, se auto unge pastor, e está tudo bem",analisa o pastor Berlofa, de Mogi das Cruzes

A teologia da prosperidade também atrai seguidores , ao pregar a ideologia do sucesso pelo mérito individual

“Elas [as igrejas] têm uma pregação muito próxima do cotidiano do trabalhador. Há nesse espaço um líder que serve como exemplo do que pode ser alcançado"

- Amanda Souza, cientista social

Dados gerais indicam que 58% são mulheres; 59% são negros;
49% fizeram até o ensino médio e 48% ganham até dois salários mínimos

E quem são os evangélicos que frequentam os templos no Brasil?

Para 22% dos paulistanos, a igreja é a instituição que mais contribui para a qualidade de vida, segundo pesquisa de 2020 feita pela Rede Nossa SP. Em seguida vem a prefeitura (19%) e as ONGs (18%)

As igrejas "sempre foram as primeiras a chegar onde as políticas públicas não chegam", explica a reverenda Alexya Salvador, da Igreja da Comunidade Metro- politana

a influência religiosa na política brasileira

O aumento das igrejas, no entanto, levanta outra discussão:

Na década de 1980 houve a entrada das grandes comunidades pentecostais e neopentecostais
na política

- Amanda Souza, cientista social

“Os candidatos apoiados se aproximam dos ideais pregados, como o com-bate à corrupção e a proteção aos valores da moralidade, da família tradicional e bons cos-tumes”

Por outro lado, quem frequenta os espaços religiosos enfatiza o papel da igreja dentro dos bairros, como o engajamento em trabalhos voluntários e ações sociais nas periferias

- Jessica Keyla, frequentadora da
Igreja Presbiteriana

“Às vezes as pessoas não têm nem com quem contar, nem familiares. A igreja se torna o local mais próximo a quem elas podem recorrer”

Reportagem: Lucas Veloso, Patrícia Vilas Boas e Vagner Vital

Adaptação do texto: Cleberson Santos

Edição: Tamiris Gomes

Arte e montagem: Matheus Pigozzi