Não, meu nome é

,p****"

Edinho


MUDINHO?

Esse aí na rima gesticulada é o Edvaldo Santos, conhecido nos saraus e slams de São Paulo comoOEdinho Poesia

Com olhar expressivo e mãos ágeis, Edinho desabafa sobre ser um homem negro, surdo e periférico, por meio
da Libras

Crescido na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, ele frequentou uma escola especializada no ensino de pessoas surdas até os 15 anos

Bolsista, ele teve a oportunidade de ter contato com a arte por meio de uma parceria da escola com o MAM, o Museu de Arte Moderna
de São Paulo

Neste mesmo museu, anos depois, começou a trabalhar como educador.Na poesia, encontrou uma forma de passar sua mensagem
ao mundo

"A arte me mostrou o caminho. Não falo só sobre mim, mas também dos outros surdos, é o que eu vejo na sociedade. O meu poema ‘Mudinho’ é um exemplo disso, os surdos veem e
se identificam"


"Eu envelheci, me cansei, me curvei/ e eles: "mudinho, mudinho, mudinho/ Mudinho? Não, meu nome é Edinho, p****”

Em 2017, Edinho chegou à final do Slam BR, a principal competição de poesia falada do Brasil


"Eu gosto do slam porque é um espaço periférico, se afasta da poética elitista. Estamos falando sobre temas que impactam"


Atualmente, Edinho mantém o trabalho de arte-educador, mas em outra instituição, o Itaú Cultural.Além das visitas guiadas e interpretação, ele também dá oficina de poesias
em Libras


"Meu verso é livre e ninguém me cancela. E ninguém vai tirar a Libras de mim"


Reportagem: Vagner Vital
e Gabriela Alves

Texto: Cleberson Santos

Edição: Tamiris Gomes

Arte e montagem: Matheus Pigozzi