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Crianças falam sobre a expectativa da vacina após aprovação da Anvisa

Por: Jacqueline Maria da Silva

Ana Laura Melo, 8, não vê a hora de se vacinar contra a Covid-19 para brincar de pega-pega e esconde-esconde, as brincadeiras favoritas dela. A criança conta que a imunização ajuda a combater a tal “bolinha verde com espinhos”, modo como descreve o coronavírus. Enquanto falava com a Agência Mural, ela até desenhou um para mostrar.

Arthur Cavalcante, 7, tem certeza de que o vírus é cinza e vermelho e explica o poder da vacina. “Quando a gente toma, o remédio entra no nosso corpo e deixa a gente protegido”. Deve ser por isso que a Maysa Gomes, 5, está com tanta pressa para ir ao posto de saúde. “Eu vou correndo tomar, mas acho que vai demorar”, comenta.

Talvez não demore tanto. Nesta quinta-feira (16) a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aprovou a aplicação do imunizante Comirnaty, da fabricante Pfizer, para a faixa-etária de 5 a 11 anos.

Ana Laura desenhando como imagina o coronavírus @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Nos últimos dias, a Agência Mural ouviu crianças das periferias, em especial de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, sobre como estão vendo o momento da pandemia e o que sabem da vacinação.

De acordo com a Sophia Ferreira, 7, a vacina nada mais é do que um líquido que tem em um frasquinho que vai para a seringa e depois é aplicada no braço. Sabe disso porque a mãe dela é enfermeira.

Para crianças da idade dela, a dose será menor, um terço da que um adulto costuma receber, ou 0,2ml. O frasco tem uma cor amarela para diferenciar e o intervalo para a segunda dose será de no mínimo 21 dias.

“Todas as crianças precisam tomar”, afirma Maysa.

Maysa está ansiosa para que todos tomem a vacina @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Ana Laura espera que depois que todos se vacinem, não precise mais de máscara. Mas esse desejo dela vai levar mais tempo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) especifica que para pessoas acima de 5 anos o uso deve ser obrigatório, mesmo com a vacina, que não resolve o risco de espalhar a doença.

Por ser um vírus que se propaga de pessoa para pessoa por meio de gotículas provenientes do nariz e da boca, segundo o Ministério da Saúde, esse item ajuda a fazer uma barreira de proteção das vias aéreas.

“O vírus é muito pequeno, não dá nem pra ver”, descreve Sophia. Por isso que quando ela sai para passear coloca máscara nela e na Jojo, a boneca preferida dela para brincar no parque.

Arthur tem até uma coleção com estampas de super-heróis. A que ele mais gosta é a do Batman, porque combina com a ponta dos cachinhos verdes. O garoto conta que usa a máscara o tempo todo por medo de contrair a doença que afetou a família – ele perdeu a avó para a Covid-19 no início da pandemia.

Arthur tem uma coleção de máscaras com estampas @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Essa preocupação das crianças se estende aos demais ambientes, todas elas voltaram a frequentar a escola presencialmente e lá lavam as mãos, usam álcool gel e mantém o distanciamento por precaução.

Conforme explica Maysa, quando uma criança está com tosse e brinca com outra, ela pode passar coronavírus, ou seja, a Covid-19 pode atingir todas as idades.

Foi justamente brincando com as primas que Sophia foi infectada pelo vírus em agosto deste ano. Na época apresentando febre alta, tosse e perda do paladar. “Eu não sentia o gostinho do ovinho que meu pai faz pra mim de manhã”.

Para confirmar, ela fez um teste que coloca um cotonete dentro do nariz, que “faz cosquinha e é incômodo, mas não dói”, afirma ela. Esse teste a qual ela se refere é o PCR.

Sophia colocando máscara na boneca, Jojo @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 180 mil de crianças entre o e 11 anos testaram PCR positivo para a doença desde o início da pandemia até dezembro deste ano.

Isso corresponde a pouco mais de 4% da população diagnosticada pelo mesmo exame. Contudo, esse número é referente aos realizados em laboratórios públicos cadastrados, o que significa que o número pode ser maior por conta da subnotificação e dos laboratórios privados.

Para que esses números diminuam ainda mais e a pandemia acabe, a única saída, de acordo com a Maysa, é todas as crianças irem direto para o posto quando a vacina sair.

Para quem tem medo da agulha, Arthur e Sophia, que já tomaram várias vacinas diferentes, explicam que é só uma picadinha e, se doer, logo vai passar. “Antes ela tinha medo de tomar a vacina porque achava que era algo para machucar, mas agora eu sei que é para curar”, completa Sophia.

Para iniciar a vacinação das crianças, a Anvisa depende, agora, do calendário de logística do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

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