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6 em cada 10 paulistanos não confiam nas subprefeituras

Estudo da Rede Nossa São Paulo e Ibope também mostra desconhecimento dos moradores em relação ao órgão

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Por: Redação

Publicado em 30.01.2020 | 16:54 | Alterado em 30.01.2020 | 16:54

Tempo de leitura: 4 min(s)

A professora de história Cibele Lima, 35, moradora do Grajaú, no extremo sul de São Paulo, até já participou de reuniões do movimento de moradia na subprefeitura da sua região, mas mesmo assim faz parte dos 56% de paulistanos que não confiam na atuação das subprefeituras. 

“Eu acho que nossa subprefeitura é péssima. Não fico sabendo das ações que ela promove”, ressalta.

O dado faz parte da pesquisa “Viver em São Paulo: qualidade de vida”, realizada pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, divulgada neste mês.

De acordo com o estudo, é justamente na região sul onde os moradores pior avaliam a atuação das subprefeituras. Apenas 17% as consideram ótima ou boa.

“As subprefeituras deveriam atuar para mostrar que o poder público não está distante do restante da população. Mas não acho que é assim que acontece”, conta Cibele. 

O distrito do Grajaú, o mais populoso da cidade, faz parte da subprefeitura da Capela do Socorro, que também atende aos distritos de Socorro e Cidade Dutra. Ao todo, existem 9 administrações locais na região sul.

Já na zona leste, estão os moradores que melhor avaliam a atuação das subprefeituras: 27% consideram ótima ou boa. 

O produtor cultural Danylo Paulo, 29, porém, acredita que a atuação é seletiva.

“O que acontece é que, quando o bairro tem um determinado público ou conseguiu votos para um determinado político, esse bairro é assistido. Mas há outros que estão há décadas no descaso”.
Danylo Paulo, produtor cultural e morador de São Mateus

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Danylo Paula, morador de São Mateus, na zona leste de SP (Arquivo pessoal)

Morador de São Mateus, na zona leste, ele avalia que até mesmo dentro do distrito é perceptível essa mudança de assistência. “São Mateus é grande. Eu vejo que as subprefeituras, em todas as gestões, sempre olharam apenas para os bairros localizados mais ao centro”. 

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DESCONHECIMENTO

A pesquisa aponta que 3 em cada 10 paulistanos não conhecem as funções de uma subprefeitura, porém 70% consideram ser muito importante ter este conhecimento.

No extremo sul da cidade, em Parelheiros, a atendente Daniela Macedo, 24, é uma das pessoas que desconhece essas funções. “A ideia de ter várias subprefeituras para poder distribuir verba é boa, mas, na prática, não funciona. Nunca participei de nenhuma atividade na subprefeitura e também não sei quem é o subprefeito”, conta.

A subprefeitura de Parelheiros atende também a Marsilac. É a que administra a maior área da cidade, porém a menos habitada.

“A parte da comunicação precisa melhorar muito, pois as pessoas ainda não tem o hábito de consultar as atividades e notícias pelo portal”, aponta Simone Rêgo, 47, professora e moradora da Cidade Tiradentes, na zona leste.

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Para ela, além da falta de conhecimento dos moradores em relação ao papel de uma subprefeitura, há também a falta de conhecimento do subprefeito em relação aos problemas locais. 

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Cidade Tiradentes, na zona leste paulista. Região foi a que melhor avaliou a atuação das subprefeituras. (Léu Britto/32xSP)

“A minha avaliação do subprefeito atual não é positiva, pois ele não é do bairro, não conhece a realidade e não tem experiência suficiente para o cargo. Gostaria que o  subprefeito fosse eleito pelos moradores para que essa relação fosse de mais confiança”.  

O atual subprefeito da região é Lucas Sorrillo, que assumiu o cargo há cinco meses, substituindo Oziel Souza, que foi para subprefeitura de Sapopemba. 

SUBPREFEITURA E QUALIDADE DE VIDA

Apenas 10% dos paulistanos acreditam que a subprefeitura é a instituição que mais contribui para melhorar sua qualidade de vida.

“Eu não acredito que a subprefeitura chegue a melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas ela pode contribuir para que a população esteja mais próxima do governo na tomada de decisões”, opina Simone. 

A professora avalia que, para melhoria na qualidade de vida da população periférica, há necessidade de políticas públicas voltadas para oferecer serviços de qualidade, além de espaços de cultura e lazer. 

“Aqui na Cidade Tiradentes, por exemplo, temos problemas em relação ao baile funk. O lazer é um direito dos jovens, mas os moradores também têm direito ao descanso e a segurança”, conta ela. 

“Até hoje não houve diálogo com a comunidade para resolver essa questão, apenas repressão da polícia. Se os jovens e todos os envolvidos fossem ouvidos, aí sim eu diria que a subprefeitura está preocupada com a qualidade de vida do munícipes”
Simone Rêgo, professora e moradora da Cidade Tiradentes

De acordo com a pesquisa da Rede Nossa São Paulo e Ibope, as pessoas que avaliaram melhor a atuação das subprefeituras são aquelas mais satisfeitas com a qualidade de vida na cidade. 

O OUTRO LADO

Apesar da falta de confiança, a avaliação das subprefeituras têm melhorado nos últimos anos. A pesquisa de qualidade de vida mostra que 39% dos paulistanos avaliam sua atuação como “regular”. Em 2012 esse índice era de 30%.

A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que, além dos atendimentos presenciais e do portal SP156, os munícipes podem interagir com a Prefeitura por meio das redes sociais. De acordo com o órgão, as 32 subprefeituras têm cerca de 164.856 seguidores no Facebook e no Instagram.

Além disso, ressalta que, desde setembro de 2018, está implantando a prática do “Atendimento ao Cidadão”, criando parâmetros de qualidade no atendimento das subprefeituras.

O Descomplica SP, iniciativa que atua como um “Poupatempo municipal” faz parte do programa. Ele já foi implementado em seis delas: São Miguel Paulista e São Mateus, na zona leste; Campo Limpo e Jabaquara, na zona sul; Santana/Tucuruvi, na zona norte; e Butantã, na zona oeste.

Danylo Paula já utilizou o serviço em São Mateus e gostou. “Está tudo modernizado. Achei legal o lance do Descomplica, você realmente consegue resolver as coisas. Mas, de maneira geral, isso é só um quadro bonito para tapar o horizonte horrível que a gente tem na região”.

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