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81% da zona leste é contra fim dos cobradores de ônibus municipais

Já a média da população paulistana é 75%, segundo nova pesquisa de mobilidade urbana

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Por: Redação

Publicado em 19.10.2017 | 13:08 | Alterado em 09.11.2022 | 14:42

Tempo de leitura: 3 min(s)

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Ponto de ônibus em Santana, zona norte de SP (Paula Rodrigues/Agência Mural)

A catraca nem sempre é perto do volante. Quando o ônibus está lotado e alguém está sem o bilhete único, dá início ao “passa-passa, até que o dinheiro chegue ao motorista. Tudo se repete, agora, com o troco. Corta para os passageiros fora do veículo: eles também querem embarcar, sem sucesso, enquanto resmungam dos pagantes em dinheiro, que empatam o fluxo.

Situações como essas se tornaram corriqueiras em São Paulo, depois que centenas de  motoristas passaram, também, a exercer a função de cobradores. No entanto, 75% dos paulistanos é contra o fim da função.

É o que mostra a Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017, divulgada em setembro pela Rede Nossa São Paulo, Cidade dos Sonhos e Ibope.

Essa porcentagem é ainda maior na zona leste 2, onde estão, por exemplo, Cidade Líder, Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases e São Mateus. Por lá, 81% da população é desfavorável à retirada dos cobradores.

Um desses moradores é o assistente administrativo Rafael Bertoldo, 23. Para ele, as viagens ficaram piores, já que cobradores atuavam como ajudantes tanto dos passageiros quanto dos motoristas.

“Às vezes, o ônibus está tão cheio que o motorista não consegue observar o trânsito para fazer uma curva ou ultrapassagem. Os passageiros precisam ajudá-lo”, afirma Bertoldo, que sai todos os dias da Cidade Tiradentes, no extremo leste, em direção ao Butantã, na zona oeste, onde trabalha.

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Também contra a demissão dos cobradores, a estudante de moda e fotógrafa Bárbara Lobato, 23, diz que, em muitas casos, os motoristas não conseguem resolver falhas nas máquinas [do bilhete único], o que acaba gerando tumulto nos ônibus.

“Não tem como o motorista parar e ver o que rola. Além do troco das pessoas que, muitas vezes, não tem como trocar na hora. Daí as pessoas começam a acumular na frente, antes da catraca, isso quando já se está cheio”, exemplifica.

EX-COBRADOR

Edney Silva Lima, 45, foi cobrador por mais de cinco anos. Ele acredita que o uso do dinheiro fique cada vez mais escasso por conta da tecnologia, o que, para ele, afetará diretamente a profissão.

“Estão tentando até com cartão de banco fazer com que o usuário compre sua própria passagem. O lado ruim é que vai demitir muitos pais de família, mas por culpa da modernidade do mundo, né?”, questiona.

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Ônibus sem cobrador na zona leste de SP (Paula Rodrigues/Agência Mural)

De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, existem atualmente 18.000 cobradores na cidade de São Paulo. Em junho deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo considerou inconstitucional a lei 13.207, de 2001, que obrigava a Prefeitura manter os cobradores nos ônibus.

Favorável à lei, o prefeito João Doria (PSDB) afirmou à imprensa, no início do ano, que a retirada dos cobradores economizaria R$ 800 milhões de reais anuais. Doria também disse que irá extinguir a função até 2020.

Em nota ao 32xSP, a SPTrans afirma que, mesmo com as mudanças nos ônibus, não há a perspectiva de que os profissionais fiquem desempregados.

A atual administração estuda a paulatina recolocação dos cobradores em outras atividades dentro do sistema, de forma que os profissionais possam exercer outras atividades relacionadas à operação, manutenção ou administração das empresas. Não há um prazo estabelecido para essa mudança”.

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