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A periferia nos planos de metas dos candidatos

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Por Paulo Talarico | 21.08.2018

Publicado em 21.08.2018 | 15:24 | Alterado em 27.02.2024 | 17:21

RESUMO

Planos de governo têm 53 citações a periferia, seis vezes mais que em 2014. No entanto, metade dos candidatos não citam termo para falar de propostas de governo para a presidência

Tempo de leitura: 3 min(s)

As periferias fazem parte das preocupações dos presidenciáveis e estão nos planos de metas apresentados para as eleições 2018? Sim, mas discretamente. Na comparação com 2014, ao menos, houve um aumento.

As propostas registradas pelos 13 candidatos à presidência citam 53 vezes a palavra periferia ou periférica, seis vezes mais do que há quatro anos quando foram sete. Em 2014, dos 12 concorrentes apenas dois haviam citado a expressão: o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com seis menções, e o senador Aécio Neves (PSDB), uma vez.

Campos morreu em um acidente de avião antes da disputa e sua substituta, Marina Silva, ao registrar a proposta não colocou nenhuma vez a palavra.

As citações foram contabilizadas pela  Agência Mural. Para a eleição deste ano, sete concorrentes à presidência e outros seis ao governo de São Paulo não citaram o termo em nenhum momento dos planos apresentados.

Não mencionar a palavra periferia não indica necessariamente que não há projetos que possam ser de interesse das regiões distantes dos grandes centros. Porém, aponta como o termo tem sido ou não levado em conta pelos concorrentes ao pleito e uma mudança no discurso.

PLANOS DE 2018

Nos planos de governo apresentados por Alvaro Dias (Pode), Cabo Daciolo (Patri), Eymael (DC), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), não houve o uso da palavra periferia ou periférico.

O presidenciável que mais fez referências a este termo foi Guilherme Boulos (PSOL) com 36 menções. O programa do socialista foi o mais longo entre os candidatos e traz uma introdução grande sobre a conjuntura política.

Entre os temas citados estão a violência contra a juventude negra, necessidade de investimentos em cultura e emprego. “Não há como aprofundar a democratização do país, sem estender a democracia para a periferia, que mais de 30 anos após o fim do regime militar ainda vive verdadeiros estados de sítio informais, com invasões de domicílio sem ordens judiciais; execuções extrajudiciais; torturas nas delegacias; prisões ilegais”.

O vínculo com a violência como um problema a ser enfrentado foi a base de boa parte dos políticos.

No plano do ex-presidente Lula (PT) há sete vezes o uso da palavra periferia, inclusive no chamado “Plano Nacional de Redução da Mortalidade da Juventude Negra e Periférica”. “O equivocado paradigma de “guerra às drogas” será superado com mudanças na políticas de segurança pública e com a abolição dos autos de resistência”, diz trecho do texto.

Lula foi substituído por Fernando Haddad, que registrou um plano parecido, mas com uma citação a mais do termo.

Na sequência, João Goulart Filho (PPL), filho de João Goulart, presidente deposto pelo Golpe Militar de 1964, apresenta quatro citações. Entre elas, uma proposta relacionada à habitação. “Implementaremos um programa de construção de moradias para a população de baixa renda (até 3 salários mínimos) e de titulação de terrenos nas comunidades da periferia”

Quanto à Vera (PSTU), são três menções relacionadas à violência contra os negros, as mulheres e a comunidade LGBT. “A juventude pobre e negra sofre um verdadeiro genocídio nas periferias”.

Outros dois candidatos falam do tema. Implementação de políticas que ampliem e popularizem o acesso à cultura e ao lazer, criando espaços de fomento, desenvolvimento e interação, e valorizando os espaços já existentes, principalmente nas periferias”, diz a proposta de Ciro Gomes (PDT).

“Essa violência atinge principalmente jovens da periferia – uma geração que poderia estar sendo preparada para o futuro, se encontra perdida para a violência”, consta no texto de João Amoêdo (Novo).

GOVERNADOR

Para a disputa estadual, a periferia aparece de forma mais moderada, mas houve um salto. A periferia apareceu oito vezes nos planos de metas de candidatos em 2014 e foram 14 entre os concorrentes de 2018.

O plano de Luiz Marinho (PT)  aponta cinco vezes o termo para falar sobre problemas nas escolas, no tratamento diferenciado do policiamento e também cita o termo genocídio da juventude periférica. Edson Dorta (PCO) fala em encerrar o “massacre” dos jovens. A periferia aparece três vezes.

Candidato à reeleição, o governador Márcio França (PSB) cita a ideia de estimular a cultura e aborda as dificuldades do transporte. “A ausência de um planejamento mais adequado, das cidades, a existência de periferias distantes, mostram o agravamento da situação”.

Paulo Skaf (MDB) havia mencionado entre as propostas de 2014 descentralizar a cultura para áreas periféricas e repetiu o tema no plano registrado. Rogério Chequer (Novo) menciona o uso de tecnologia para o atendimento médico em áreas periféricas.

O candidato Toninho Ferreira (PSTU) fecha a lista de citações. “Enquanto a especulação imobiliária avança, expulsando os pobres dos grandes centros e jogando-os para as periferias ou para o olho da rua, o déficit habitacional é de mais 1,3 milhão de moradias”.

João Doria (PSDB), Major Costa e Silva (DC), Marcelo Candido (PDT), Rodrigo Tavares (PRTB) não mencionaram o termo periferia em suas propostas.

Professora Lisete (PSOL) e Professor Carlos Fernando (PMN) não contavam com as propostas no site da Justiça Eleitoral.

Paulo Talarico é correspondente de Osasco
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