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Ocupações irregulares são o maior desafio de São Mateus, diz prefeito regional

Entre 2015 e 2016, houve um crescimento no número de casas em favelas em São Mateus; em 2016, eram 11.723 residências em “áreas subnormais”

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Por: Redação

Publicado em 09.06.2017 | 14:23 | Alterado em 09.06.2017 | 14:23

Tempo de leitura: 4 min(s)
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A subprefeitura é formada pelos distritos de São Mateus, São Rafael e Iguatemi (Paulo Talarico/32xSP)

Loteamentos, ocupações e uma extenso cinturão verde são alguns aspectos que circundam São Mateus, uma das prefeituras regionais mais populosas da zona leste da capital. Com 426 mil moradores, os distritos de São Mateus, São Rafael e Iguatemi ocupam uma área de 45,8 km².

Morador da região desde os três anos de idade, o atual prefeito regional Fernando Elias, 40, admite que as ocupações irregulares são o maior desafio de sua gestão.

“Muitas delas estão em fase de regularização ou urbanização. Mas sinto que houve um aumento de ocupações irregulares, tanto em áreas públicas quanto particulares”, afirma o ex-engenheiro-técnico da antiga Coordenação de Subprefeituras [atual Coordenação de Prefeituras Regionais], que deixou o cargo para assumir o posto de gestor da região que diz conhecer bem.

Segundo o prefeito local, os motivos do alto contingente de ocupações são adversos.

“Estamos em fase de conclusão de um trabalho a respeito. Tenho procurado conversar com a população como uma maneira de conscientização, principalmente nas áreas particulares. Já aquelas em áreas públicas, junto com a Secretaria da Habitação, estamos fazendo um levantamento, verificando quem está ou não cadastrado, pois existem casos de pessoas que que recebem benefícios, mas ocupam outro local”, diz Elias.

Ainda de acordo com o gestor, desde o início do mandato, foram realizadas intervenções pontuais com o objetivo de congelar novas ocupações.

Ainda no tema habitação, em São Mateus, até 2016, existiam 123.432 domicílios. Dados do Observatório Cidadão justificam a preocupação de Elias. Entre 2015 e 2016 houve um crescimento no número de casas em favelas na região. Em 2016, eram 11.723 residências em “áreas subnormais”, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) denomina esse tipo de moradia, ante 11.508, de 2015.

HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO

Funcionário público há 17 anos, Elias estudou em escolas públicas de São Mateus e iniciou a carreira profissional de forma precoce, aos sete anos, ao lado do pai, que era pedreiro. A construção civil permeou os passos do menino que, mais tarde, se tornaria engenheiro civil.

“É um ramo que você acaba tendo uma visão das diferentes classes sociais. Trabalha-se tanto para o rico quanto para o pobre, em áreas de alta vulnerabilidade e nas mais nobres. Tive uma percepção muito grande em relação a isso”, diz ele, que reitera que ter sido pedreiro foi significativo para entender, agora como gestor, as demandas da população.

“Tem muita diferença da pessoa que começa a trabalhar no poder público mas não tem o convívio direto com a população. Nos atendimentos que fiz às pessoas nos setores nos quais trabalhei, eu conseguia interpretar o que elas queriam. Elas vêm à sede da prefeitura regional em busca de uma solução, e se não são bem atendidas, acabam ficando numa situação ainda pior”, explica.

Para Elias, a população vê a prefeitura como uma “ajudadora”. Um local onde podem recorrem para resolver os problemas do bairro. “Se a gente não der uma boa resposta e não fizer um trabalho que satisfaça os moradores, nós não estaremos fazendo o nosso trabalho”, assegura.

“Claro, há muitas coisas de outros departamentos que precisamos, e, muitas vezes, o que a pessoa procura não é possível. Busco instruir os funcionários para que possam dar  uma solução, mesmo que não seja definitiva, mas pelo menos um esclarecimento”.

ÁREA AMBIENTAL

Com uma das maiores coberturas de vegetação da cidade – são mais 19 km² dos 45,8 km² territoriais existentes –, São Mateus está acima da média no quesito, o que a torna “diferenciada”, conforme Elias, em comparação às demais prefeituras regionais.

Apenas no distrito homônimo existem 129 praças, além de áreas ajardinadas e canteiros centrais espalhados em mais de 490 m² de áreas verdes. “Temos área de preservação ambiental, de indústrias, de riscos; áreas de chácaras e de forte comércio”, elenca o prefeito, esclarecendo a diferença entre os três distritos.

“Os três possuem ocupações irregulares e áreas de risco. A única diferença é a questão ambiental. São Rafael e Iguatemi têm áreas mais intensas de vegetação. Já São Mateus é mais populoso e urbanizado”, descreve.

A região, na qual está instalada o aterro São João, responsável por receber todo o lixo da cidade, também comporta polos industriais, garantindo mais ofertas de trabalho para os moradores locais.

Muitas pessoas trabalham aqui. Além dos polos, existem muitas áreas comerciais, em todos os três distritos”, afirma Elias. Um dos principais centros de comércio é a avenida Mateo Bei, considerada a “25 de março” da zona leste.

Em seis meses de atuação, Elias afirma que dois pontos de descarte irregular de lixo foram desfeitos e, além disso, foram realizadas limpezas de córregos e galerias, e remoção de carcaça de carros abandonados.

Em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, o prefeito local quer dar vida ao Pico do Cruzeiro, o segundo maior da cidade, atrás apenas do Jaguaré. Segundo ele, ​ele, ​o objetivo é criar um parque no local. “Vinha sendo tratada há anos. Agora, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente vai retomar as discussões e faremos visitas”, cogita.

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