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Agência de Jornalismo das periferias

William Rodrigues/Campanário Diadema

Por: Simony Maia

Notícia

Publicado em 23.11.2023 | 16:02 | Alterado em 23.11.2023 | 16:02

Tempo de leitura: 3 min(s)

Velocidade e leveza nos pés foi o que deu origem ao apelido da atacante Baratinha. Foi assim que a jogadora do Campanário Diadema deu um belo passe e fez o gol decisivo na final da Taça das Favelas 2023, no último sábado (18), no Estádio do Canindé, contra o Paraisópolis, da zona sul de São Paulo

A equipe do ABC venceu por 2 a 0 e garantiu o título da competição que envolve favelas de todo o estado, em uma revanche da decisão de 2022, quando Paraisópolis conquistou o título justamente contra as diademenses.

A atuação do time despertou a atenção sobre quem é essa atacante com nome diferente.“Esse apelido surgiu na época de escola. Como corro muito e sou bem ágil, ele pegou”, conta Isamara Rodrigues, 28, a Baratinha.

A história dela com o futebol, assim como o apelido, não surgiu agora. Tudo começou quando a atacante tinha por volta dos 12 anos e jogava com os amigos nas ruas do bairro de Vila Santa Rita, em Itapevi, na região oeste da Grande São Paulo.

A atacante do Campanário Diadema festeja conquista no Canindé @Kaka Carval/Arquivo Pessoal

Ela vive no município até hoje e foi chamada pelo Campanário após ter jogado na Taça das Favelas 2022, quando disputou pela Favela do Caju.

Baratinha conta que naquela época não haviam muitas meninas jogando e o esporte era considerado apenas para meninos. A atacante ouvia comentários como “futebol não é para menina” e ofensas do tipo “Maria Macho”.Mesmo com o passar dos anos, algumas falas preconceituosas ainda ocorrem.

“É triste ouvir pessoas em pleno século 21 fazendo esses tipos de comentários. Mas por mais triste que eu fique, procuro fazer o que sei fazer de melhor, jogar. Luto para conquistar meu espaço”

Baratinha, jogadora do Campanário Diadema

Apesar do título da Taça das Favelas, a trajetória de Baratinha para realizar o objetivo de se tornar uma jogadora profissional está só no começo.

A atacante do Campanário Diadema alterna a rotina de atleta com a maternidade e a profissão de motorista de aplicativo. “Tenho três filhos. Não nasceram da minha barriga, mas são filhos do coração”, conta.

Isamara conta que mantém um sentimento de maternidade com os filhos Pedro, Pablo e Bernardo, que a esposa, Gilvânia, teve em um outro relacionamento. É essa união com a companheira e com a família que a faz não desistir dos objetivos.

“Ela acredita em mim. Às vezes eu penso se ainda é possível e ela vem com as palavras e muito amor para me dar forças”, declara a jogadora.

Agora, Isa tem mais um motivo para se manter confiante. “Outra coisa que me faz ficar firme é o que aconteceu na final da Taça”, relembra a atleta. “Eu pude mostrar meu futebol e ajudar a equipe e dar alegria a tanta gente. Isso me dá forças”, conclui.

Dificuldades na carreira

Durante a trajetória profissional, Baratinha passou por momentos que a fizeram duvidar se estava seguindo pelo caminho certo. “A maior dificuldade foi a falta de patrocínio e ter algum empresário que pudesse me dar um auxílio”, conta a jogadora.

Isamara já chegou a jogar futebol profissional pelo Embu das Artes e chegou a disputar o Campeonato Paulista. Teve chance de jogar em equipes maiores, mas a falta de apoio pesou para conseguir seguir.

“Eu tive uma proposta pra ir pro Santos. Fiz a peneira, tudo bonitinho e eu passei, mas acabou trocando a comissão e não fiquei”, relata ela. “Se eu tivesse um empresário, ele ia estar presente. Às vezes a gente tem o talento, mas não é tudo”, conclui a atacante.

Aos 28 anos de idade, a atacante do Campanário Diadema recebeu várias mensagens e elogios por conta da atuação de sábado. “Creio que tudo isso é apenas um bom trabalho feito, fico muito mais muito feliz por cada um que escreveu, me mandou mensagem. É gratificante poder dar às pessoas um pouco da alegria que eu sinto quando jogo futebol”, revela Isamara.

Final masculina

Na decisão masculina, o time de Cidade Tiradentes conquistou a Taça das Favelas. Após empatar em 1 a 1 no tempo normal contra o Campanário Diadema. Nos pênaltis, a equipe venceu por 3 a 1.

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Simony Maia

Jornalista que se aventura pelo universo das redes sociais falando sobre política, cultura e entretenimento. Em busca de sempre vivenciar novas trocas para contar boas histórias. Correspondente de Diadema desde 2023.

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