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Agência de Jornalismo das periferias

Solange Aparecida/ Arquivo pessoal

Por: Aline Almeida | Isabela Alves

Notícia

Publicado em 03.05.2024 | 14:11 | Alterado em 03.05.2024 | 18:31

Tempo de leitura: 3 min(s)

Moradora do bairro Jardim Santa Fé, no distrito de Parelheiros, Solange Aparecida, 58, vem ganhando destaque e reconhecimento por fazer artesanatos de igrejas do extremo-sul de São Paulo.

Ela já retratou a Capela São Sebastião, a Igreja São João Batista do Gramado, a Paróquia Santo Expedito e Nossa Senhora Aparecida Colônia e Paróquia Santa Cruz.

Além de adquirir a arte, o cliente também recebe um panfleto com informações históricas dos locais retratados. À Agência Mural, ela conta a relação com o território, o início no artesanato e como a arte dela está atravessando fronteiras.

Solange é nascida na capital paulista, e se mudou para a região em 2008, quando o marido começou a trabalhar no CEU Parelheiros. “No começo, odiei vir pra cá. O ônibus só passava de hora em hora e aqui era tudo mato”, relembra.

Solange andando a cavalo em trilha de Parelheiros @Arquivo pessoal

Tudo mudou em uma festa de um colega de profissão, o casal descobriu algo inesperado e peculiar sobre o território: que era possível criar cavalos em São Paulo. “O cavalo passa uma paz e conexão com a espiritualidade e a natureza”, conta.

Fundaram a Recanto Paraíso, iniciativa que promove vivências com cavalos. Os passeios organizados pelo casal ocorriam principalmente na época das romarias, o que a aproximou das artes sobre as principais igrejas do território.

Solange é formada em artes plásticas e pedagogia, no qual fez o magistério. Em 2018, realizou um curso de turismo rural que incentivou os moradores a colaborar com o Polo De Ecoturismo, promovido pela Prefeitura de São Paulo e que reúne 55 pontos turísticos do extremo-sul da cidade.

Ao fim do curso, ela fez um ímã com a imagem da igreja de Parelheiros para presentear os colegas. O presente chamou a atenção e surgiram as demandas.

Esculturas da Paróquia Santo Expedito e Nossa Senhora Aparecida, do bairro Colônia

“Foi tão apaixonante. Era apenas uma brincadeira, mas começou a vender. As pessoas começaram a pedir de outras regiões, como a colônia próxima que tem a festa do Colônia Fest. Depois veio a de Gramado a da Ilha do Bororé”, diz.

Solange quis retratar as igrejas, pois elas são pontos de referência famosos entre os moradores e movimentam grandes eventos na região.

Produzir os artesanatos foi algo novo, já que até então ninguém fazia souvenirs para os turistas. “Eu tenho uma parede em casa onde amo pendurar coisas de lugares por onde passei. Aqui em Parelheiros não tinha nada, o que é absurdo”, reflete.

Design das quatro igrejas do extremo-sul, criadas pela artesã @Solange Aparecida/ Arquivo pessoal

Para fazer a arte, ela tira uma foto da igreja e a desenha. Depois, realiza o corte a partir de um programa especial na máquina a laser. A pintura é em aquarela, em tons pastéis. As obras medem de 5 a 50 centímetros, com a embalagem de papel reciclável.

Atualmente, os artesanatos são feitos em formas de ímãs e esculturas para as paredes que também podem ser colocadas em um suporte para mesa. Um deles, que tem um metro de comprimento, foi produzido exclusivamente para a Prefeitura de Parelheiros.

Ao construir os designs, a artesã conta que teve a curiosidade de descobrir como as igrejas chegaram ao local com a arquitetura barroca.

Não encontrou informações na internet, então fez entrevistas com mais de 30 moradores antigos para descobrir as histórias. Hoje, elas estão registradas nos panfletos que acompanham as artes na compra.

As réplicas da igreja São João Batista do Gramado @Solange Aparecida/ Arquivo pessoal

As descobertas a fizeram refletir até sobre a origem do próprio distrito onde vive. “Cada um tem uma visão sobre a construção daqui. Uns falam das corridas de parelhas e eu tenho a minha visão de Parelheiros como semelhantes/iguais, porque puxo pelo tropeirismo. Então, estou sempre aberta às duas versões para quem quiser conhecer mais sobre a região”, explica.

As parelhas são conjunto de dois animais, como um par de valos ou bois, enquanto o tropeirismo foi uma atividade itinerante desenvolvida por grupos de homens, durante a época colonial do Brasil.

Para o futuro, está em construção o artesanato de mais duas igrejas em Marsilac. Solange também recebeu a proposta de fazer um roteiro de turismo religioso pelas igrejas.

A artista sente-se orgulhosa de que muitas pessoas que fizeram turismo na região levaram as igrejas para outros lugares do mundo, como Alemanha, Itália, Portugal, Dinamarca, Espanha e Estados Unidos. “Eles levam para que possam se lembrar das suas origens e os lugares onde foram batizados.”

Para marcar os passeios a cavalo ou adquirir as esculturas das igrejas, entre em contato pelo whatsapp (11) 91201-8976 ou siga a página @recantoparaiso2021.

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Aline Almeida

Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Ama livros, música e séries. Libriana apaixonada por pets. Correspondente do Grajaú desde 2022.

Isabela Alves

Graduada em jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e pós graduanda em Mídia, Informação e Cultura pelo Celacc/USP. Homenageada no 1° Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Correspondente do Grajaú desde 2021.

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