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Casal LGBT da zona sul de SP adota 3 irmãos piauienses

No Dia dos Pais, a história de Higor e Diego, dois moradores do Jardim Primavera, na zona sul de São Paulo que adotaram três filhos

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Magno Borges/Agência Mural

Por: Luana Nunes

Notícia

Publicado em 06.08.2021 | 17:49 | Alterado em 22.11.2021 | 16:34

Tempo de leitura: 3 min(s)

O Dia dos Pais deste domingo (8) será o segundo para o casal Diego Flores, 29, e Higor Piceda, 31. Juntos há mais de seis anos, eles conseguiram no ano passado a guarda de Diel, 9, Maria Fernanda, 4, e Maria de Lourdes, 3, três crianças vindas do estado do Piauí. 

Moradores do Jardim Primavera, na zona sul de São Paulo, eles conseguiram concluir o processo de adoção após dois anos de tentativas. “Lembro que em uma das nossas primeiras conversas sérias, perguntei ao Higor se ele gostava de cachorro e se desejava ter filhos, pois esse era meu maior sonho”, conta Diego.

“Ele, com os olhos arregalados, disse que esse não era seu maior sonho, mas que não era impossível, e poderia tornar o nosso sonho”, conta Diego.

Após três anos de namoro, os dois retomaram o assunto sobre a possibilidade de ter filhos. Foram muitas conversas até que decidiram que estava na hora de construírem uma família.

Em um primeiro momento, o casal pensou em buscar uma barriga solidária (doação temporária do útero por uma mulher para a gestação) ou realizar a adoção.

“Mas a barriga solidária era um procedimento caro e não sabíamos se daria certo. Já a adoção estava indo muito bem e decidimos focar”, explica Higor. 

Diel, 9, Maria Fernanda, 4, e Maria de Lurdes, 3, estavam em Teresina, no Piauí, e ficaram cerca de um ano esperando até conhecer e encontrar os pais, que moravam na capital paulista. 

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Diego, Higor e os filhos vivem na zona sul de São Paulo @Magno Borges/Agência Mural

O processo pela adoção começou em 2018. Eles fizeram o procedimento para se tornar uma “família apta” por meio da entrega de documentos e entrevistas. 

Em agosto de 2019, o casal conheceu o grupo “Busca Ativa”, formado por voluntários com autorização jurídica que auxiliam crianças com mais dificuldades em serem adotadas (adolescentes, crianças com deficiência leve ou grave, grupos de irmãos, entre outros). 

Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), no Brasil há mais de 5 mil crianças na fila para adoção. 

Por meio do Busca Ativa, Diego e Higor souberam da situação dos irmãos no Piauí. As três crianças passavam por um processo de reintegração, quando a justiça faz a tentativa de recolocar a criança novamente na família biológica ou parentes próximos. 

Caso não dê certo, eles destituem as crianças do poder familiar e são encaminhadas para a adoção, que foi o caso de Diel, Fernanda e Malu.

“Você tá doido, três de uma vez, não vamos dar conta”, reagiu Higor inicialmente. “Sei que vamos conseguir. Vamos ligar para a cegonha (grupo de apoio)”, respondeu Diego. Logo, estavam em contato com a assistente social do caso.

Em fevereiro de 2020, Diego e Higor foram buscar os três filhos na capital piauiense. 

“Foi uma explosão de sentimentos. Minutos antes, Diego estava rezando, perguntando pra Deus quando que nossos filhos chegariam, e pedindo para que Deus cuidasse deles, onde estivessem”, relembra Higor. 

“Assim que viu a foto ele me gritou dizendo: ‘São nossos filhos’. Precisamos encontrá-los.”

RESPEITO A TODOS

Apesar de morarem em bairros próximos durante boa parte da vida, Diego e Higor nunca tinham se falado ou se esbarrado até que se viram pela primeira vez em 2015, na igreja em que Diego frequentava.

Diego relembra como foram os primeiros contatos com Higor. Ele confessa que no início havia incertezas sobre o futuro do casal e chegaram a se afastar, mas decidiram insistir e dar uma chance.

O avanço da relação e a ideia de constituir adotar crianças não foi recebida só com incentivos e empolgação por alguns conhecidos do casal, como conta Diego.

“Sempre ouvíamos que éramos loucos, que criança dava muito gasto, mas o engraçado é que não estávamos pedindo dinheiro a ninguém para sustentar nossos filhos. De uma coisa tínhamos certeza, não íamos ser mais uma família a desistir deles”, afirma.

Higor e Diego falam da importância dos filhos na vida deles e dizem ser “as pessoas mais felizes do universo” desde a chegada das crianças.

“Diel é um menino apaixonante, chegou com 7 anos e recentemente fez 9, é muito amoroso e charmoso. Fernanda é delicada, amorosa, e cheia de amor para dar. Malu, nosso chaveirinho, cheia de charme, adora um dengo e cheia de personalidade própria”, contam com orgulho.

“Hoje somos dois pais gays, com três filhos. O que nós queremos é ensiná-los a respeitar as pessoas, sendo magra, gorda, branca, preta, alta, baixa, com deficiências ou não. Que todos nós somos iguais, e mostrar que o amor é a base de tudo”, concluem.

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Luana Nunes

Moradora de um lugar tão tão distante, que carinhosamente chama de Paris. Colaborou na HQ “Minas da Várzea”. É apaixonada por música, futebol, fotografia, shows e viagens. Atualmente é repórter de tecnologia no Gizmodo Brasil. Correspondente de Parelheiros desde 2018.

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