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Demissões em massa na Universidade Metodista prejudicam alunos do Grande ABC

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Por Redação | 22.12.2017

Publicado em 22.12.2017 | 15:20 | Alterado em 31.01.2023 | 15:56

Tempo de leitura: 3 min(s)

Além do fechamento das graduações de licenciatura, cerca de 60 professores foram demitidos, incluindo os do Colégio Metodista

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Cartaz “Metodista Resiste” contra a onda de demissões na Universidade — Crédito: Laiza Lopes

“Meu coordenador ficou sabendo do cancelamento do curso por terceiros”, relata a aluna do curso de filosofia da Universidade Metodista de São Paulo, Luciana Santiago, 30. A descontinuidade do curso de filosofia é apenas uma das mudanças que estão ocorrendo na instituição de São Bernardo e que tem impactado profissionais e alunos da região.

“Não existe plano para 2018, demitiram o nosso coordenador. Na última reunião do colegiado que participei como representante de sala, o coordenador nem pôde fazer a atribuição para 2018”, conta Luciana, moradora de São Bernardo. Segundo ela, a atual direção tirou essa função do coordenador e assumiu as atribuições para o próximo ano.

Além do fechamento das graduações de licenciatura, cerca de 60 professores foram demitidos, incluindo os do Colégio Metodista. Segundo o Sinpro ABC (Sindicato dos Professores do ABC), o valor da hora-aula e a participação política são os dois critérios de demissão.

Professora da Universidade há mais de 13 anos, Luci Praun, 51, é uma das docentes que perdeu o cargo. “Nos reunimos, questionamos os atrasos de salários e começamos a sofrer perseguições”, explica a socióloga, que chegou a ser eleita para o Conselho Universitário, mas foi demitida antes de participar da primeira reunião. “É uma demissão política, não é questão de corte de salário”, conclui.

Relatos de decisões autoritárias e falta de diálogo por parte da nova diretoria da Universidade, que tem como reitor Paulo Borges, são constantes entre os professores e alunos.

“Em uma das Assembleias do corpo docente pediram para cortar o som do microfone. Fomos filmados e fotografados”, conta Luci Praun, moradora de Santo André.

“A universidade é a unidade do diverso e, hoje, infelizmente, lá tem sido autoritarismo”, completa.

Recém-formada no curso de jornalismo, Juliana Pereira, 22, precisou mudar a data da banca do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) um dia antes por conta da demissão de uma das convidadas internas.

“Meu grupo ficou muito frustrado. Tivemos que ir atrás de uma outra convidada interna em pouco tempo. Outros dois grupos foram afetados”, conta a estudante.

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Ato em defesa da Universidade Metodista de São Bernardo — Crédito: Cadu Bazilevki

O clima de incerteza e preocupação de como dar segmento nos projetos de mestrado ronda a vida dos alunos do Póscom (Pós Graduação em Comunicação) da instituição.

É o caso da estudante que mora em Diadema, Jéssica de Oliveira Collado Mateos, 23, jornalista e mestranda em Comunicação Social. Ela fez o primeiro ano do curso que tem duração de dois anos. A professora e coordenadora Marli dos Santos, que a orientava e aprovou a banca de qualificação do projeto foi demitida.

“Nós fomos informados pelos professores da pós para dar um apoio, mas a direção da faculdade em nenhum momento nos avisou de alguma coisa, só foram demitindo cada vez mais os docentes.”

Collado se preparou cinco meses antes para fazer um processo de intercâmbio no México, ser aluna visitante em Portugal ou alguma Universidade conveniada com a Metodista.

“Com a demissão da orientadora, que estava cuidando dos trâmites, talvez eu não vá mais fazer isso. Entrei no programa de pós pela orientação do professor. Será que quem vai entrar fará da mesma maneira ou vai mexer na minha pesquisa que foi aprovada para seguir até o fim? A sensação é de que estamos órfãos”, indaga a aluna.

A mestranda do 4° semestre de Comunicação Social, Izabel Marques Meo, 29, também foi impactada pela mudança. “Eu tinha um cronograma com minha orientadora e a nossa ideia era defender antes para eu poder prestar prova de doutorado em junho, com isso perdi o chão. Sou bolsista da Capes e perdi minha referência, a professora que orientava.”

Em comunicado aos alunos, a instituição afirma que “o ambiente econômico brasileiro ainda desfavorável têm imposto às Instituições de ensino superior algumas restrições orçamentárias, por isso adequações são necessárias e inadiáveis”.

A reportagem da Agência Mural procurou o diretor da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades, Kleber Carrilho, para um posicionamento das demissões na Universidade que afetam os estudantes de comunicação, porém, até o fechamento da matéria, não teve retorno.

Katia Flora é correspondente de São Bernardo do Campo
Laiza Lopes é correspondente de Mauá

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