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Agência de Jornalismo das periferias

Amanda Atalaia / Agência Mural

Por: Amanda Atalaia

Notícia

Publicado em 11.12.2023 | 16:19 | Alterado em 11.12.2023 | 18:32

Tempo de leitura: 4 min(s)

Reformas inacabadas, rachaduras e infiltrações são alguns dos problemas estruturais da Etec Bartolomeu Bueno da Silva – Anhanguera, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo.

Alunos e ex-alunos da instituição criticam as condições em que o prédio se encontra e tentam identificar, desde quando começaram as atividades em 2012, quem é de fato o responsável pelas manutenções.

A analista de desenvolvimento de sistemas Cinthia Barbosa, 22, estudou na Etec entre os anos de 2016 e 2018, quando cursou o ensino médio integrado ao técnico em informática para internet.

É possível ver infiltrações nos prédios da instituição @Amanda Atalaia / Agência Mural

Moradora do mesmo bairro em que a escola está localizada, na Fazendinha, Cinthia comenta os diversos problemas estruturais da unidade enquanto ela estudava.

“Nos tempos de muita chuva, por exemplo, chegava a formar uma ‘cachoeira’ saindo de um dos laboratórios dos mezaninos”, relata a jovem.

Estrutura

A Etec possui uma estrutura que conta com mezaninos, 15 salas de aula, laboratórios, biblioteca, auditório para 200 pessoas, entre outros recursos, segundo dados do site oficial da Etec Anhanguera. Atualmente 691 alunos estão matriculados na unidade.

A cena foi capturada em 2018 pelo aluno Matheus Silva, da turma A de informática para internet integrada ao ensino médio. É possível ver o vídeo aqui.

“Não havia cortinas nas janelas da maioria das salas de aula, o telhado do prédio aumentava a temperatura nos dias quentes e a maioria dos ventiladores de parede estavam quebrados. Às vezes, as classes revezavam o uso de um ventilador móvel de coluna”, completa Cinthia.

Carta aberta à prefeitura

A situação permaneceu a mesma nos últimos anos. Luiz Felipe Tenório, 17, estudante de direito da USP (Universidade de São Paulo) e morador do bairro 120, foi aluno da unidade entre os anos de 2020 a 2022.

Assim como Cinthia, Luiz foi eleito presidente do grêmio estudantil no último ano. Ele compartilha que um dos principais movimentos no grêmio foi durante o evento de dez anos da escola, em 2022.

“Quando a escola completou dez anos, a gente participou de uma cerimônia e estava presente o Secretário de Emprego, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação da cidade. Apresentamos para ele algumas demandas de infraestrutura”, comenta.

As reivindicações foram apresentadas em uma carta, que tinha sugestões para reparação de rachaduras, goteiras, banheiros interditados, quadra sem cobertura e janelas quebradas. Nas redes sociais, os alunos usaram a hashtag #reformaabartô. É possível ler o conteúdo na íntegra aqui.

Ainda durante o evento de 10 anos, o Secretário de Emprego, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Santana de Parnaíba, Mauro Brunetto, comentou que estavam cientes dos problemas do prédio, sobretudo em relação à cobertura da quadra. “Tudo isso está no nosso radar e nas nossas solicitações. Nós vamos cumprir essas nossas metas”.

Após quase um ano e meio das promessas, pouco foi feito.

Nos dias de hoje

Os problemas ainda persistem, relatam pessoas que circularam na Etec à Agência Mural. Entre as questões, estão reformas inacabadas nos forros do teto desde o ano anterior, fios expostos nos laboratórios de informática, falta de uma quadra coberta, rachaduras, traves de futebol quebradas e a falta de um laboratório de química.

“A chuva já interrompeu muito as aulas de educação física e quando está muito sol os alunos passam mal, porque não conseguem ficar debaixo do sol”, disse uma estudante que pediu para não ter o nome identificado.

Quadra da Etec Anhanguera sem cobertura é uma das reclamações dos estudantes @Amanda Atalaia / Agência Mural

“Quando chove no começo do dia e a aula de educação física é no final do dia, os alunos têm que pegar os rodos para tentar amenizar a quantidade de água na quadra para poder jogar.”

Apesar dos pontos negativos, a aluna enfatiza que a escola tem um bom tamanho para acolher a quantidade de alunos que recebe e para realizar eventos como os de TCC e feiras tecnológicas.

Recentemente, os equipamentos das salas foram renovados por novas máquinas e televisões substituíram os antigos projetores.

De quem é a culpa?

Em nota, o Centro Paula Souza afirmou que “cabe à Prefeitura de Santana de Parnaíba realizar as manutenções necessárias na Etec Bartolomeu Bueno da Silva – Anhanguera. Em agosto, o CPS encaminhou um projeto de reforma à prefeitura e, no momento, aguarda os trâmites legais para que a proposta seja executada pelo município”.

O CPS e a Prefeitura possuem um contrato de parceria que é válido até julho de 2027.

De acordo com a cláusula segunda do contrato, está entre as obrigações do município “responsabilizar-se pela manutenção física do prédio (rede elétrica, rede hidráulica, reparos e demais obras civis), destinado para o funcionamento da Etec ‘Bartolomeu Bueno da Silva – Anhanguera’, até a definitiva doação ao CEETEPS (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza).

Etec Anhanguera funciona desde 2012 @Amanda Atalaia / Agência Mural

A intenção de doação, que está assegurada no Contrato de Parceria, aguarda a manutenção física e regularização do imóvel para que o processo seja iniciado. Em outra nota, o CPS informou à Agência Mural que, quando a doação for efetivada, o imóvel será responsabilidade do Centro Paula Souza.

Enquanto isso, os alunos esperam, há mais de dez anos, por melhorias.

A Agência Mural também contatou a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba. O órgão confirmou por telefone o recebimento da solicitação, mas não retornou até o fechamento da reportagem.

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Amanda Atalaia

Graduanda em Jornalismo, acredita no poder da comunicação, da educação e da cultura. Canceriana apaixonada por pets, leitura e domingos de sol. Correspondente de Santana de Parnaíba desde 2023.

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