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Famílias das periferias lidam com o luto; ouça o podcast

Moradores das zonas sul e leste da capital falam da perda de familiares por causa da Covid-19 e sobre a retomada da economia

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Por: Redação

Notícia

Publicado em 27.07.2020 | 11:05 | Alterado em 27.07.2020 | 11:05

Tempo de leitura: 3 min(s)

Em 20 de junho o Brasil chegou a marca de mais de 50 mil mortes pelo coronavírus. São mais de 50 mil vidas perdidas. Na capital paulista, assim como em outras regiões do Brasil, a maior mortalidade acompanha o CEP. E ele fica nas periferias.

O “Em Quarentena” conversou com moradores das periferias de São Paulo que perderam familiares para a Covid-19. Eles relataram como a doença afetou a família, como estão lidando com o luto em meio à pandemia e o que pensam sobre a flexibilização da quarentena. 

A primeira pessoa a compartilhar sua história no podcast foi o pedreiro Arlei Sousa, que mora no Grajaú, no extremo sul da cidade. Ele perdeu o filho, Leandro, de 24 anos, que era estoquista em um mercado da região. “Até hoje me sinto um homem sem ideia para fazer nada, não tenho condições para dizer que vou fazer alguma coisa porque foi uma perda muito grande para mim”. (ouça a partir de 01:16)

Leandro deixou um filho de sete anos, que agora está sob os cuidados dos avós. Arlei compartilhou como é doloroso até olhar para fotos do filho. “Hoje apagamos todas as fotos. Ficávamos olhando toda hora e isso complica mais.Preferimos apagar para não ficar voltando toda hora e vendo”. (a partir de 01:52)

Neusa, tia do Leandro, contou que a morte do sobrinho que não tinha histórico de doenças foi um baque para todos. “A gente sempre vê casos na TV e não está preparado para que isso aconteça em nossa família. Então, a partir da morte dele, eu passei não só a ter mais cuidado, mas a ter medo”. (a partir de 02:28)

Ela ainda falou de como tudo aconteceu muito rápido e lamenta a situação, principalmente, ao lembrar da mãe do jovem. “Ela tinha um mês que não via o Léo. […] De repente ela recebe a notícia de que o filho dela está entubado e que ela não pode mais vê-lo” (em 03:10)

O “Em Quarentena” conversou também com a doutora em psicologia social e institucional, Helen Barbosa dos Santos, que explicou que, em casos de perdas como essa, onde os familiares não puderam acompanhar o processo de doença diretamente do ente querido, nem vê-lo à distância, o luto pode ser ainda mais difícil.

Em Cidade Tiradentes, na zona leste da capital, a operadora de máquinas Juliana Santos perdeu a mãe para a Covid-19. Ela confessou que não acreditava no vírus. “Só acreditei quando minha mãe pegou. […] É aquilo, na verdade a maioria só vai entender que é verdade quando alguém [conhecido] pegar”. (em 04:28

Com a perda da mãe e com o retorno ao trabalho por conta da flexibilização da quarentena, Juliana, que mora com a filha, a irmã e a sobrinha, pontua que passou a redobrar os cuidados. “Quem tem consciência e quer conservar a família, sua casa, vai se cuidar. Eu só saio quando precisa. […] Aqui, eu passo álcool todo santo dia. Na casa, como é grande, passo só no chão. Mas no meu quarto, limpo tudo”. (em 05:18).

Neusa, tia do jovem Leandro, explicou porque não concorda com a flexibilização, no atual momento. “Se na quarentena as pessoas já fazem baile funk, vão para as ruas, ficam nas pracinhas, imagina na flexibilização. É muito mais contágio e mais pessoas em portas de hospitais. O ruim de tudo isso é que você não está só pegando pra você. Você está pegando o vírus e contaminando pessoas”. (em 06:13

As histórias deste episódio do “Em Quarentena” fazem parte de uma matéria feita pelos correspondentes da Agência Mural, Giacomo Vicenzo e Raquel Porto: Familiares lidam com o luto para Covid-19 em meio à flexibilização do comércio

Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #59: Famílias das periferias lidam com o luto. 

Podcast Em Quarentena

Viver em meio ao coronavírus não deve estar sendo fácil para ninguém. Imagina então para quem vive nas periferias. 

O “Em Quarentena” é o podcast especial que a Agência Mural de Jornalismo das Periferias criou neste momento da pandemia. Queremos informar, com notícias do dia a dia, quem mais precisa se virar meio a esse caos.

Você pode receber o podcast diretamente no seu Whatsapp, enviando um “Oi” para +55 11 9 7591 5260. Ouça também no Instagram, Youtube, Spotify, Deezer, Apple e Google Podcast. 

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