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Quanto custa um voto na Grande SP

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Por Redação | 15.06.2016

Publicado em 15.06.2016 | 15:05 | Alterado em 27.02.2024 | 16:30

Tempo de leitura: 4 min(s)
Ruas tomadas por santinhos em Guarulhos, cidade com maior despesa eleitoral em 2012 — Foto: Divulgação

Em menos de quatro meses, políticos de cidades da Grande São Paulo devem investir mais por voto do que os candidatos da capital para buscar se eleger nas eleições municipais. É o que indica o limite de gastos que será aplicado pela primeira vez na disputa deste ano.

A reforma política, aprovada ano passado, determinou que os candidatos poderão gastar no máximo 70% do maior custo da última disputa, com objetivo de reduzir o abuso do poder econômico. O período de campanha foi reduzido para 45 dias e não será permitido o financiamento por empresas.

Para se ter uma ideia, enquanto em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) teve uma campanha que despendeu R$ 7,88 por possibilidade de voto, nas eleições de 2012, o valor chegou a R$ 35 na região metropolitana.

Em valores gerais, um candidato em São Paulo poderá gastar até R$ 34 milhões no primeiro turno, mas em uma cidade que tem 8 milhões de eleitores. Nas outras 38 cidades, boa parte tem menos de 500 mil eleitores, mas os candidatos a prefeito de 14 delas poderão gastar mais de R$ 1 milhão.

A Mural — Agência de Jornalismo das Periferias — realizou um levantamento para mostrar quais foram as eleições mais caras nas cidades da Grande São Paulo e quais serão os limites estipulados para as eleições deste ano, seguindo a nova norma. Confira na tabela abaixo:

CAMPEÃ DE GASTOS

O principal destino dos recursos de campanha são destinados para as propagandas eleitorais e a cidade que deve liderar em despesas eleitorais na região metropolitana é Guarulhos, com um limite de 3,4 milhões. No município, as últimas eleições foram marcadas por protestos pelo excesso de materiais espalhados pelos bairros. Eleitores irritados com o lixo acumulado juntaram o material e devolveram na porta da Câmara Municipal.

Para Renato Condez, 26, morador da região, é preciso mudar. “Aproveitando a inclusão digital na cidade, deveriam proibir esses santinhos. Na próxima eleição queremos manter a cidade limpa”, afirma.

Material depropagandas devolvidos na frente da Câmara de Guarulhos. Cidade só perde para São Paulo em gastos na Grande SP — Foto: Divulgação

Na sequência de Guarulhos, onde Sebastião Almeida (PT) foi reeleito com mais de R$ 6 milhões de despesas em dois turnos, os municípios da Grande São Paulo que poderão ter campanhas mais caras são Santo André e São Bernardo do Campo, por conta das campanhas dos também reeleitos Carlos Grana (PT) e Luiz Marinho (PT) — foram R$ 4,9 mi declarados e serão R$ 3 mi em 2016.

A quarta colocada no indicador é Barueri, com 211 mil eleitores na época. O limite em 2016 será de R$ 2,5 milhões, por conta da campanha de R$ 3,7 milhões do então candidato Carlos Zicardi, apoiado pelo ex-prefeito Rubens Furlan, ambos na época no PMDB. O gasto por chance de voto foi de R$ 17,52, valor cerca de 122 % maior do que na capital (R$ 7,88).

Os dados foram declarados pelos candidatos na prestação de contas.

OS EXCESSOS DOS VEREADORES

A eleição para vereadores seguirá a mesma norma dos limites de gastos. Guarulhos lidera novamente o ranking com limite de R$ 460 mil (70% dos gastos de um candidato que colocou R$ 657 mil em 2012). Osasco é a segunda com limite de R$ 265 mil. No entanto, outras cidades menores aparecem na sequência e as campanhas mais turbinadas de 2012 foram a de vereadores que devem concorrer ao cargo de prefeito neste ano.

Cotia será a terceira em gastos para a Câmara com campanhas de até R$ 241 mil, apesar do município ser apenas o 14º em número de eleitores. O teto foi estipulado por conta dos gastos do vereador Rogério Franco, de R$ 344 mil. O parlamentar trocou o PMDB pelo PSD e é pré-candidato a prefeito.

Em Embu das Artes, com menos de 200 mil eleitores, o limite será de R$ 222 mil, ocupando o quarto lugar na lista de custos. Isso porque há quatro anos, quando 210 candidatos disputaram 15 vagas, o hoje presidente da Câmara Ney Santos (PRB) despendeu R$ 318 mil.

A população ainda se recorda do excesso de propaganda. “Minha caixa de correio enchia todas as semanas com panfletos e santinhos dos principais candidatos”, comenta a operadora de telemarketing Diane Freitas, 20, moradora do Jardim Santo Eduardo, zona leste da cidade.

O gerente de loja Antônio Carlos Constantino, 56, morador do Engenho Velho, na região central, também destaca a movimentação eleitoral da cidade. “Cerca de um mês das eleições recebi ligações dos partidos e vi muitas passeatas com fogos de artifícios. Em toda a cidade o movimento foi o mesmo. Os candidatos precisam mesmo é trabalhar para atender as demandas da população”, diz Constantino.

DINHEIRO X VITÓRIA

A cidade de Juquitiba viveu uma eleição diferente em 2012. Enquanto quem investiu mais se elegeu em um terço das cidades da Grande São Paulo, o município teve no ‘lanterninha’ o maior gasto com a eleição. Na época a candidatura de Selmo dos Santos Pereira (PRP) teve despesas declaradas de R$ 800 mil, 13 vezes mais que o candidato eleito Francisco Júnior (PPS). Apesar do valor investido, Pereira recebeu apenas 43 votos. Por conta dele, o limite neste ano será de R$ 560 mil.

No geral, apenas 13 municípios tiveram a vitória de políticos que gastaram menos, como em Itaquaquecetuba, marcada por um período eleitoral conturbado que levou à vitória de Mamoru Nakashima (PTN) com despesas de R$ 398 mil, abaixo do candidato apoiado pelo governo Rogério Tarento (PR), com mais de R$ 1 milhão.

Em 2012, o ex-prefeito Armando Tavares Filho, o Armando da Farmácia (PR), completava seu segundo mandato e, como não poderia disputar o pleito, indicou Tarento, seu secretário de Indústria e Comércio, para a vaga. Tarento fez uma campanha com despesas declaradas de R$ 1,4 milhão — valor superior a três vezes mais que o oponente. Na disputa de 2016, os candidatos poderão despender até R$ 1 milhão.

Contudo, a campanha de Nakashima ganhou mais prestígio, após uma polêmica com os cabos eleitorais do adversário, acusados de agredir sua equipe a pedradas, com agressões até contra o próprio candidato. O fato repercutiu e ele foi eleito com mais de 53% dos votos.

Paulo Talarico, Jéssica Souza, Lucas Landin e Silvia Martins

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