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9 em cada 10 paulistanos usam o SUS no município

Pacientes falam sobre espera para agendar consultas e exames; zona oeste de SP lidera aumento na utilização de serviços do Sistema Único de Saúde

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Por: Redação

Publicado em 24.01.2019 | 17:35 | Alterado em 24.01.2019 | 17:35

Tempo de leitura: 4 min(s)
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Leitos infantis do Hospital Geral de São Mateus, na zona leste, gerido pelo SUS (Alexandre Moreira/Governo de São Paulo)

86% dos paulistanos utilizaram o sistema de saúde pública da cidade de São Paulo nos últimos 12 meses, revela a pesquisa “Viver em São Paulo: Qualidade de vida”, divulgada nesta quarta-feira (23) pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência.

O estudo mostra que, desde 2008, houve uma tendência de crescimento no uso da rede pública. Naquele ano, seis a cada dez paulistanos acessavam a rede pública; enquanto, em 2017, esse índice representava 84% da população.

A analista administrativa Renata Rodrigues dos Santos, 37, trocou o plano privado pela rede pública no ano passado. “Consegui marcar consultas para minha filha e para o meu marido. Como ele é diabético, já foi encaminhado direto para ser consultado”, afirma.

“Às vezes conseguimos encaixe, mas passa por uma fila”, detalha Renata, moradora do Jardim Vivian, no distrito Jaraguá, na zona noroeste da capital paulista.

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Segundo o estudo, em comparação às demais regiões, a zona oeste lidera o aumento no uso dos serviços públicos de saúde. Houve um aumento de 13% em relação à 2017.

“Ter o cartão do SUS facilita a marcação de consultas e exames. É feito uma triagem para avaliação, e dependendo do caso, marcam a consulta ou exame em 15 ou 30 dias. O prazo máximo que a gente espera aqui é entre um ou dois meses”, afirma a analista, que acessa a UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Panamericano, no distrito do Jaraguá.

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Renata Rodrigues começou a usar a rede pública de saúde em 2018 (Arquivo pessoal)

Saindo da oeste para a zona sul de SP, por lá está concentrada a menor procura, por exemplo, de serviços odontológicos, enquanto o centro contabiliza a maior demanda por consultas com especialistas (otorrino, ginecologista e ortopedista).

Já a região norte se destaca pela demanda mais alta em praticamente todos os serviços públicos de saúde investigados, como distribuição de remédios, atendimento ambulatorial ou internações e intervenções cirúrgicas.

Moradora do Jardim Filhos da Terra, no Jaçanã, zona norte, Iracema Leite, 33, afirma esperar entre 20 a 25 dias para realizar consultas médicas na UBS Jardim Apuanã.

“Para fazer exames demora um pouco mais, por volta de três meses. Esse é o prazo que estou aguardando para realizar um eletrocardiograma. Já para meu filho, de oito anos, a espera por um especialista como ortopedista levou duas semanas”, conta a assistente técnica.

De acordo com a pesquisa, o número de usuários das consultas com especialistas dobrou na última década, saltando de 26% para 53%.

“Precisei fazer uma sorologia em um hospital da região para confirmar se eu estava com a doença, e fizeram no mesmo dia. Mas já esperei até dois anos por um exame, em outra UBS, a Toledo Piza, no Jaçanã”, conta Iracema.

SAÚDE MENTAL

Ainda conforme o levantamento, os serviços de psiquiatria e saúde mental quadriplicaram entre 2008 e 2018, com um salto de 3% para 13%. Para este tipo de atendimento, considerado mais complexo, é preciso aguardar uma lista de espera.

Natalina Procópio, 36, moradora da Vila Matilde, na zona leste, encontrou dificuldades para ser atendida por um especialista em reprodução humana.

“Passei por duas gestações ectópicas, com remoção das trompas, e por isso não tive como ter uma gestação natural. Fiquei com depressão, e há cinco meses aguardo um atendimento psicológico. Faço acompanhamento com psiquiatra e ele orientou a fazer terapia”, afirma.

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“Há um ano aguardo para ser avaliada por um especialista em reprodução humana para ver a possibilidade de uma fertilização in vitro. Enquanto isso, eu deveria estar com acompanhamento terapêutico para lidar com todo esse processo”, lamenta.

Conforme o levantamento da Rede Nossa São Paulo e Ibope, consultas com especialistas, internação e intervenções cirúrgicas cresceram de 10%, em 2008, para 23%, dez anos depois.

O que não aumentou, porém, foi a efetividade no atendimento. Essa é a crítica da jornalista Silvia Godoy, 56, que aguarda por uma consulta há um ano.

“Em 2017 a neurologista pediu consulta com neurocirurgião para que ele pudesse avaliar um meningioma [tumor, geralmente benigno, com origem nas membranas que envolvem e protegem o cérebro e a medula espinhal], que voltou a nascer após uma cirurgia feita há dez anos, quando eu tinha plano de saúde”, afirma.

Segundo ela, em 2018 ela solicitou novo pedido da consulta, com urgência, porém sem sucesso. “Já falei com a regulação órgão integrante da Secretaria Municipal de Saúde]  de uma subprefeitura da zona oeste. Mandei mensagem duas vezes na ouvidoria e fui pessoalmente na Secretaria Municipal de Saúde há uns 20 dias, mas ainda não obtive nenhum retorno”, explica a jornalista.

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O QUE DIZ A SMS

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, com relação à espera pelos serviços citados, tem sido realizado o matriciamento (uma estratégia do Ministério da Saúde para reduzir os agravos causados pelo adoecimento mental da população) e a revisão dos casos para avaliar as necessidades e as prioridades dos usuários.

Além disso, explica a SMS, são organizados, dentro de cada território, os processos de trabalho para que alguns casos sejam resolvidos na própria rede de atenção básica, com a participação dos especialistas na discussão dos problemas de saúde e, assim, fazer seguir os protocolos clínicos para redução de encaminhamentos sem necessidade.

Já com relação aos médicos, a secretaria informa que está sendo feito um reordenamento, tanto nas unidades básicas quanto nos hospitais, da quantidade de horas prestadas pelos médicos.

Segundo a pasta, foram chamados 740 médicos de um concurso que habilitou 1.090 profissionais. Destes, 200 já foram contratados e mais 100 serão chamados. Em dois anos, ressalta, somou mais de 700 novos médicos, considerando as contratações da administração direta, Autarquia Hospitalar Municipal (HSPM) e das Organizações Sociais (OS) parceiras da pasta.

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