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Agência de Jornalismo das periferias

Por: Evelyn Fagundes

Notícia

Publicado em 14.08.2023 | 17:24 | Alterado em 14.08.2023 | 17:24

Tempo de leitura: 3 min(s)

O educador físico Marco Basi, 43, orienta moradores do Pimentas, bairro de Guarulhos, na Grande São Paulo, a praticarem esportes na academia popular instalada próxima ao campo de futebol de várzea do Jardim Vermelhão. 

A ideia de motivar os vizinhos partiu de uma insatisfação de Basi, que notava a falta de uso dos aparelhos disponíveis em diversas praças da cidade. As academias populares são aqueles equipamentos instalados em praças e locais públicos abertos a população.

“Sempre observei que muitas vezes não tinha gente fazendo exercício ou quando tinha não existia ninguém orientando”, afirma Marco. “As pessoas faziam o exercício de maneira errada e isso poderia ocasionar algum tipo de lesão ou mesmo nenhum tipo de resultado.”

Moradores que participam dos exercícios orientados por Marco @Arquivo Pessoal

Nascido na região do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, Marco mora há mais de 10 anos no bairro dos Pimentas, na periferia de Guarulhos, e desde que chegou na região incentiva a comunidade às práticas esportivas. “Quando me mudei pra cá, trouxe o karatê junto comigo. Como voluntário, comecei a dar aula para as crianças e jovens no bairro”, conta. 

Para se especializar, o paulistano decidiu estudar mais sobre esportes. “Me apaixonei por esse lance de dar aula e resolvi abandonar minha profissão na área da logística e fui fazer faculdade de educação física.” 

Desde março deste ano, às segundas, quartas e sextas-feiras, o educador orienta moradores que chegam na academia popular para se exercitar. Há mais de 30 pessoas cadastradas e em cada dia de aula entre 12 e 15 pessoas participam dos treinos que vão das 7h às 8h40.

Moradores relatam melhora após começarem a fazer atividades @Evelyn Fagundes/Agência Mural

Uma delas é a vendedora, Edileusa Sousa, 57, que convive com artrose, bico de papagaio e hérnia de disco, problemas que trazem dores na coluna e, principalmente, dificuldades para caminhar, fazendo com que ela chegue a cair.

“Por conta da artrose, eu tinha a sensação de que estava levantando a perna o suficiente para andar, mas não estava e tropeçava muito, chegava a cair ao tentar andar. O exercício me ajudou muito a não cair mais”, conta.

Edileusa afirma que estava sentindo dores nas costas, suspeitando que fosse desvio na coluna, Marco orientou exercícios focados para minimizar o problema e a vendedora passou a se sentir melhor.

“Melhorei e não me dei conta”, afirma. “Eu falei ‘Marco, sabe aquela dor que eu falei com você? Tem duas ou três semanas que não estou sentido’. E aí ele falou ‘Maravilha! Eu gosto de ver vocês assim’. Aquele cara é sensacional”. 

Geruza Correia, 68, trabalha em um salão de beleza e participa das atividades pelas manhãs. “O Marco é um professor muito bom, tem paciência para ensinar, é sempre alegre”, conta. “Eu pra te falar a verdade eu estou amando muito ficar lá na academia ali do campo, é muito bom”. 

Assim como Edileusa, Geruza percebeu melhoras no corpo após os exercícios. Ela convive com dores na região do ombro e braços, mas afirmou que sente uma maior mobilidade nesses membros após os treinos. 

Para Marco, apenas instalação não é o suficiente @Evelyn Fagundes/Agência Mural

De acordo com Geruza, a academia popular é a única opção gratuita da região do Jardim Vermelhão que conta com a orientação voluntária de um profissional, mas, ainda assim, ela aponta que gostaria que a academia fosse mais aparamentada. “Ali no campo tem os aparelhos, mas os aparelhos são poucos”. 

Marco vê importância na existência da academia popular para as pessoas que não tem condição de pagar uma academia privada. No entanto, afirma que apenas a instalação dos aparelhos e a acomodação de um banner com instruções não é suficiente.

Procurada, a Prefeitura de Guarulhos não respondeu sobre como funciona a política de academias populares instaladas na cidade e quais orientações dá para os moradores que as utilizam.

Além de ensinar a maneira correta do uso dos aparelhos para as atividades, Marco destaca a relevância da interação e conversa com os moradores durante os treinos.

“Trocamos muitas ideias, muitas das pessoas estão com autoestima baixa, às vezes até com crise de ansiedade ou depressão e procuram o exercício para melhorar”, diz. “As nossas aulas tem esse objetivo de promover o bem estar e a saúde. O objetivo é trazer o bem estar para a comunidade”.

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Evelyn Fagundes

Jornalista em formação pela PUC-SP, instituição onde desenvolve sua pesquisa sobre as obras do Racionais MC's. Mãe de pet e planta, canceriana e apaixonada por música. Correspondente de Guarulhos, na Grande São Paulo, desde 2022.

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