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Agência de Jornalismo das periferias

Maria Letícia

Por: Katia Flora

Notícia

Publicado em 06.07.2023 | 17:13 | Alterado em 08.07.2023 | 20:59

Tempo de leitura: 3 min(s)

Músico e compositor, Renan Augusto Silva de Sousa, 29, o Tiziu, é um dos artistas itinerantes nos metrôs e trens de São Paulo. Todos os dias, ele toca MPB (Música Popular Brasileira), samba e forró dentro dos vagões que circulam por São Paulo. É com esse trabalho que o músico lançou o terceiro álbum da carreira, Afrotiziaco, que tem 7 faixas que transitam entre neo soul e MPB. 

Tiziu (apelido dado pelos amigos, por causa do nome de um pássaro da região do Nordeste) mora na Vila Invernada, zona leste de São Paulo, com a esposa. Ele está há sete anos fazendo apresentações diariamente, mas afirma que está mais difícil conseguir dinheiro nos trens.

“Hoje virou comum ter arte itinerante, quando comecei a tocar era mais difícil ver um artista, um vendedor, está popularizado”, diz.

Em Afrotiziaco, ele traz composições próprias, como “Amarelo Gema”, “Barry White” e “Flor”, cantada em parceria com Bruna Black (ex-participante do programa The Voice Brasil 2020). A música conta com mais de 1.000 players, e o álbum todo tem cerca de 8.000 acessos na plataforma do Spotify.

O músico costuma ouvir outros cantores que admira como Djavan e Gilberto Gil. Atualmente tem 122 composições autorais que pretende lançar. “Não penso no contexto para compor, flui naturalmente, surge a harmonia e vejo se cabe dentro da melodia”, conta.

O artista fez a parte visual do disco no Pico do Jaraguá, região noroeste de São Paulo, onde realizou o ensaio musical, no final de fevereiro. Para ele, a obra mistura estilos como Afrobeat (combinação de ritmos jazz, funk e highlife), soul e MPB. “Meu álbum traz ritmos africanos. Afro tem a ver com espírito, pele e corpo. Pensei em tudo conectado no sentido romântico”, diz.

Inspiração familiar

A música sempre esteve na vida do Tiziu. A mãe, Laudiceia Maria da Silva, foi cantora de escola de samba em Santos, da Real Mocidade Santista. Atualmente, ela faz parte da velha guarda da União Imperial.

Nascido e criado em Santos, litoral de São Paulo, na adolescência teve a banda Patrono na qual tocava vários estilos musicais.

Em 2016, decidiu morar em São Paulo para seguir com a carreira musical. Nesse período começou a tocar violão nos vagões do Metrô após ver, na estação Patriarca, dois rapazes com roupa social cantando música internacional.

Tiziu com o violão tocando para os passageiros @Maria Letícia

“É isso que vou fazer, sei tocar violão e cantar”, pensou na época. Voltou para casa que morava de aluguel com um amigo na Vila Olímpia, pegou o violão e foi tocar no Metrô.

Logo que cantou a música do Seu Jorge, “Tive Razão”, um passageiro deu R$ 20, abençoou e foi embora. Em pouco tempo tocando, recebeu um valor que não esperava cerca de R$ 130.

Diante dos desafios de cantar com o violão nos trens, o artista recebe mensagens de pessoas nas redes sociais ou um sorriso no rosto depois de ouvi-lo.

“É uma quebra de rotina. Quando uma pessoa chega com uma coisa que você não espera, pode chegar um cara cantando um pop, uma música autoral ou recitando uma poesia. Isso traz alguma coisa positiva e o público absorve”

Tiziu, cantor dos trens de SP

Com as apresentações dentro dos vagões juntou dinheiro e criou junto com um casal de amigos o selo independente “Altamira Produções” no final de 2018. Nessa época lançaram a primeira faixa da música “Notas de 100”.

No início de 2020, Tiziu começou as gravações para o terceiro álbum, quando começou a pandemia. Para gravar, teve que ficar distante da família para evitar o contágio, enquanto seguia no estúdio com o produtor Júlio Lino e o Wooper Black. Na época, chegaram a dormir no estúdio, para evitar contato com os familiares.

Só voltaram a gravar em 2021 e registraram as partes experimentais no Home Studio, do produtor Júlio Lino, junto com o Wooper Black.

Depois fizeram um collab com o Estúdio 99 para gravar percussão e bateria. Mas, em 2022, faltou dinheiro para fazer a parte visual e finalizar o disco, o que só foi possível agora.

“Fiquei tentando juntar grana, pois queria colocar meu trabalho na rua e divulgar, mas não rolou. No começo deste ano, em janeiro, consegui o valor que precisava”, conta.

Para ele a arte no transporte público é independente e está muito viva em todos os lugares da cidade. Tiziu planeja fazer shows para divulgar o disco Afrotiziaco recém-lançado e dispõe de parte do trabalho no Instagram.

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Katia Flora

Jornalista com experiência em jornalismo online e impresso, tem publicações em diversos veículos, como Uol, The Intercept e é ex-trainee da Folha de S. Paulo no programa para jornalistas negros. Correspondente de São Bernardo do Campo desde 2014.

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