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Os desafios dos corredores de rua nas periferias

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Por André Santos | 11.09.2018

Publicado em 11.09.2018 | 17:59 | Alterado em 22.11.2021 | 15:43

RESUMO

No Tremembé, atletas narram as aventuras de quem decide praticar o esporte na quebrada e dão dicas para garantir a segurança

Tempo de leitura: 3 min(s)

O segurança Diego Oliveira de Toledo, 30, morador do Jardim Fontalis, na zona norte de São Paulo, foi motivado por amigos a começar a praticar esporte para melhorar a saúde. Aos 29 anos, ele estava com 130 quilos, e a alternativa foi correr perto de casa. 

“Comecei a correr com muita dificuldade, pois estava acima do peso”, relembra. Mas além do peso, Toledo enfrentou um outro desafio – vencer os obstáculos das ruas do bairro. “Sem um local apropriado nas imediações da minha casa para corrida, comecei a correr nas ruas da quebrada”, explica.

Além da prática pessoal, Diego faz parte de um grupo de corredores que vivem no distrito do Tremembé. Ele se uniu a alguns amigos para criar a equipe “100 Tempo”. O nome faz referência a complicada agenda dos integrantes, que quase nunca conseguem correr juntos. O grupo conta com professores de educação física, gráfico, segurança, agentes de seguro, motoboys, artistas. Cada um com uma rotina de trabalho.

Mesmo que não façamos o mesmo treino, nem o mesmo tempo, um acaba incentivando o outro.  Quando tem o encontro em algum evento de corrida, aí fortalece mais o grupo”, aponta Walmir da Silva Oliveira, 34, técnico em seguro.

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Walmir da Silva (esquerda) e os outros Integrantes da equipe 100 tempo (Divulgação)

Diego aderiu aos treinos e diz não se arrepender da escolha. “Hoje peso 95 quilos, costumo dizer que a corrida mudou a minha vida. Sem pretensão alguma comecei nesse esporte e carrego ele até hoje. Uma coisa é certa: é um esporte viciante”, conclui.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) lançou, neste ano, um plano de ação global contra o sedentarismo que vai até 2030. O plano enfatiza a importância da atividade física contra doenças crônicas não transmissíveis como as cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, diabetes, câncer de mama e de colo do útero, responsáveis por 71% das mortes em todo o mundo.

AUMENTO DOS CORREDORES DE RUA

A última estimativa da Federação Paulista de Atletismo feita em 2017, aponta que houve um aumento de 25,24% de atletas nas Corridas de Rua. A equipe do Jardim Fontalis participou de corridas em outras regiões da cidade. Contudo, os membros apontam os altos preços como um fator desestimulante para as provas.

Outra alternativa seria o circuito de corridas de rua promovido pela secretaria municipal de Esportes e Lazer que possui dez corridas ao longo do ano espalhadas pela cidade. As inscrições são gratuitas, porém, limitadas. “Acabam muito rápido, é impossível fazer a inscrição.”, afirma Walmir.

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Mas correr nas periferias não é tarefa das mais simples. A falta de estrutura das vias afeta os corredores que acabam sofrendo lesões e tendo a atenção dividida em várias adversidades ao longo dos treinos.

Os atletas amadores da equipe “100 Tempo” desenvolveram técnicas de como correr nas periferias e deram algumas dicas para quem pretende começar essa prática esportiva. 

BURACOS

Buracos na via, calçadas pequenas, desníveis na superfície e má educação dos motoristas são as principais preocupações dos corredores. “Tive algumas torções nos joelhos e tornozelos, graças a Deus nenhuma lesão muito grave.”, diz Diego, que recomenda atenção a esses pontos.

APLICATIVOS

Usar redes sociais e aplicativos que auxiliam nos treinos têm sido as ferramentas usadas pela equipe para  trocar informações. Há ferramentas como o Sport Trackers, que mede a distância, passos, ritmo, frequência cardíaca e calorias gastas. 

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O segurança Diego Oliveira usa aplicativos para medir a distância (Acervo Pessoal)

TAMPAS DE BOEIRO

O gráfico Alexandre Pereira Santos, 43, pede atenção para as tampas de bueiros. Nunca é uma boa ideia correr sobre elas, segundo ele. “Certa vez correndo com dois amigos, pisei em uma tampa que estava quebrada e não percebi, fui até o fundo do bueiro com um pé”, conta.

“A sorte é que a outra pisada foi na outra ponta da tampa que me jogou pra cima novamente, isso sem parar de correr. Foi um susto, mas não perdemos o pique”, conta.

CORRER NA CONTRAMÃO

Diego Toledo sempre teve receios da “falta de preparo e da educação dos motoristas”, afirma que muitos não respeitam o corredor. “Sempre me preocupei em ser atropelado, o treino não era produtivo, pois a preocupação atrapalhava a minha desenvoltura no esporte”, reforça.

“Depois de muito pensar, decidi correr na contramão, assim conseguiria enxergar como os carros estavam se locomovendo, em qual direção e se a seta estava ligada para fazer alguma conversão etc.”.

OBRAS NAS VIAS

Obras nas vias também merecem atenção dos corredores. Por vezes, há interdições e levam a correr pela rua. Esse tipo de empecilho. “Estava correndo sozinho, a calçada estava fechada com tapumes porque a Sabesp fazia uma escavação, eu vinha correndo no meio fio bem em uma curva, quando senti uma pancada no ombro”, conta Alexandre.

Era um ônibus, mas o corredor teve sorte. “Foi só o susto da pancada”.

André Santos é correspondente do Jardim Fontalis
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