APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias
Democratize-se!

Aos 86 anos, escritor cego produz livros e poesias durante a pandemia

Morador do Nordeste de Amaralina, Aloísio Pimentel supera limitações visuais com agenda lotada e produção de um legado literário

Image

Divulgação/Luis Lago

Por: Bruna Rocha

Notícia

Publicado em 16.07.2021 | 8:49 | Alterado em 23.11.2021 | 18:57

Tempo de leitura: 3 min(s)
Image

O escritor Aloísio Pimentel segurando dois dos seus livros publicados @Divulgação/Luis Laogs

Com 86 anos, o escritor Aloísio Pimentel pratica diariamente uma hora e meia de exercícios físicos, leciona, grava conteúdo para o YouTube e ainda produz livros e poemas. Somente no período da pandemia, o morador do Nordeste de Amaralina, em Salvador, produziu sete livros e 80 poesias, superando as limitações de um glaucoma que o fez perder a visão.

“Precisei sustentar minha família muito cedo e não me restava tempo para escrever, hoje percebo que minhas inspirações só surgem em meio às muitas experiências e leituras que fiz e vivi”, diz Pimentel. 

Nascido em agosto de 1934, na cidade de Amargosa, no Centro Sul da Bahia, o escritor mudou-se para a capital ainda bebê. Contudo, continuou a visitar a cidade natal, onde o interesse pela escrita surgiu. 

“Eu amava sentar no banquinho da cidade de Amargosa e contemplar a beleza da região, quando um dia fiquei intrigado com o nome da cidade e escrevi uma poesia ‘Amargosa’”, conta. 

Aos 17 anos, já escrevia crônicas e poesias, mas aos 19, precisou se afastar da literatura, por questões financeiras e passou a trabalhar na construção civil. “Não tive mais tempo de fazer poema, nem escrever nada porque usava o tempo justamente para trabalhar de dia e estudar à noite”, conta.

Anos depois, trabalhando na contabilidade, volta e meio, Pimentel arranjava tempo livre para suas escritas e chegou a ser um dos cronistas na Rádio Sociedade da Bahia. Seu primeiro livro foi lançado há seis anos, pela editora Letra, “Viração: amor, amizade paixão e sofrimento”.  

Image

Aloísio Pimentel em seu escritório @Divulgação/Luis Lago

Em 2018, lançou o livro “Carnaval de Salvador: crônicas de um folião”, que conta a história do Carnaval baiano, suas curiosidades e o que aconteceu na festa de 1940 até os dias atuais. Depois escreveu o livro “Contos que não são de fada”, que ainda não foi editado. 

Hoje, aposentado e vacinado contra a Covid-19, o escritor dedica noites e madrugadas à produção literária. Para a filha do escritor, a professora Luciana Pimentel, 53, a literatura mostrou novas perspectivas para o futuro do pai.

“Com o encerramento das atividades presenciais no escritório de contabilidade precisamos encontrar outras atividades para o painho, e por isso decidimos investir no projeto literário”, diz Luciana. 

E relata o apoio. “Aos poucos fui motivando e mostrando novas possibilidades dele enxergar além dos olhos. A partir daí, ele criou novas expectativas e percebeu que a vida não acaba depois de se aposentar ou encerrar um negócio, que a gente independente da idade pode começar um novo negócio e ter novas perspectivas, podendo ser tão bom quanto o que fazia antes.” 

VEJA TAMBÉM:
Com atividades remotas, grupo de idosos de Pernambués completa 33 anos
Capoeiristas reverenciam mestre Pastinha e celebram Dia Nacional da Capoeira Angola

Por conta da perda da visão, Pimentel conta com alguns auxiliares no processo de materialização dos livros e na produção de conteúdos para o canal no YouTube (Aloísio Pimentel) e Instagram (@aloisio.escritor), onde fala sobre assuntos como política e pandemia.

Um dos colaboradores é Luis Lago, 26, jornalista e estudante de letras pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). Ele transcreve as gravações realizadas por Pimentel e monta a estrutura dos livros. Lago também cuida das redes sociais do escritor e organiza a agenda de postagens. 

“Enxergo nossa relação como uma oportunidade e um desafio, pois é uma pessoa jovem contemporânea com um senhor de 86 anos, de uma geração completamente diferente da minha, e um aprendizado mútuo, porque apresento meu mundo, com as novas tecnologias, e aprendo quando ele traz realidades de outras épocas”, diz Lago. 

E afirma que a ligação entre eles foi imediata. “No meu primeiro contato com o senhor Aloísio aconteceram grandes conexões. A princípio, por ele ser apaixonado e amante da literatura, segundo por ter um fascínio enorme por produções literárias, questões históricas e críticas sociais. Então, foi uma comunhão imediata”. 

Para adquirir uma obra do escritor, é preciso entrar em contato pelo Instagram ou a partir do telefone (71) 8152-9414. 

receba o melhor da mural no seu e-mail

Bruna Rocha

Estudante de jornalismo, correspondente da Barra/Pituba em Salvador, BA, desde 2021. Gosta de ler, resenhar, e sempre estar informada, pois acredita que através da comunicação de qualidade e ética pode quebrar barreiras.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE