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Nas periferias de SP, como as igrejas lidaram com o anúncio da pandemia de coronavírus

Congregação Cristã suspende culto e católicas realizam missas com precauções; eventos com muito público foram realizados em bairros de SP

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Lucas Veloso/Agência Mural

Por: Lucas Veloso | Paulo Talarico | Vagner de Alencar

Notícia

Publicado em 17.03.2020 | 20:15 | Alterado em 27.02.2024 | 16:22

RESUMO

Igreja evangélica suspende culto; por outro lado, eventos com muito público foram realizados em bairros de SP, mas há dúvidas sobre prevenção

Tempo de leitura: 4 min(s)

No WhatsApp de membros da Congregação Cristã do Brasil chega a mensagem: “não haverá reunião de jovens e cultos até segunda ordem”.

O aviso para moradores de Osasco, na Grande São Paulo, também foi publicado no site da igreja evangélica e começou a valer a partir de domingo (15) em todo estado. No sábado (14), foram realizados os últimos cultos.

O motivo da suspensão são os cuidados com o novo coronavírus, declarado como pandemia na última semana. Com as recomendações para evitar aglomerações, as igrejas começaram a se organizar em como será feito para as celebrações religiosas, que mobilizam vários moradores das periferias de São Paulo.

Outras igrejas evangélicas abriram normalmente, com alguns frequentadores com álcool gel no bolso e as orientações para não comparecer caso tenha sintomas de problemas respiratórios.

Na igreja católica, as missas foram realizadas normalmente no fim de semana. Nesta terça-feira (17), após a morte da primeira vítima da doença em São Paulo, a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) liberou de participação dos cultos idosos e pessoas que estejam doentes.

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Igreja Nossa Senhora do Carmo com missa no fim de semana @Lucas Veloso/Agência Mural

A artesã Ana Lúcia Inhof, 57, frequenta a paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, zona leste. Apesar do surto de coronavírus, ela não pensa em deixar de ir nas missas dominicais.

Ela acha que com informações sobre a doença e os cuidados é possível que o vírus não se alastre. A tranquilidade dela combina com o pensamento do pároco, Paulo Sérgio Bezerra, 66.

“O coronavírus nos alerta à responsabilidade social. Não justifica, porém, comportamentos alarmistas maiores que a própria pandemia”, escreveu ele no Memorial do Senhor, folheto usado nas missas dominicais.

Por lá, os horários das missas não tiveram alterações e o movimento dos fiéis seguiu a média dos domingos, segundo membros da coordenação paroquial.

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Para o padre Paulo, os cuidados básicos de higiene, com a população idosa e a orientação para evitar viagens e aglomerados parecem suficientes. “Há de ser perguntar o que fazer, por exemplo, em relação à inevitável aglomeração urbana nos transportes coletivos?!”, questiona.

“Recebemos informações sobre coronavirus e cuidados para que não se alastre. Achei bom, pois certos cuidados por conta da pandemia são fundamentais”, disse Ana Lúcia. “Até agora não pensei em deixar de ir na igreja por conta disso”.

Ainda na zona leste, na paróquia Cristo Redentor, em Cidade Líder, o padre pediu que os fiéis usem lenços na hora de espirrar ou tossir. Outra orientação dada foi que a comunhão deveria ser recebida nas mãos e o abraço da paz de Cristo evitado.

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Congregação Cristã anunciou suspensão dos cultos @Paulo Talarico/Agência Mural

Neste sábado (14), Dom Manuel Parrado Carral, bispo diocesano de São Miguel Paulista, responsável por mais de 100 igrejas na zona leste, publicou um comunicado às paróquias.

O texto traz recomendações, entre elas estão que os fiéis devem seguir as orientações das autoridades sanitárias quanto à prevenção e cuidados com os doentes e que as celebrações não sejam prolongadas.

Evitar o contato físico, principalmente na saudação da paz e na oração do ‘Pai Nosso’, assim como na comunhão. Igrejas limpas e bem ventiladas são outros cuidados.

“Os idosos e outras pessoas incluídas nos grupos de risco podem acompanhar as celebrações da liturgia eucarística através dos meios de comunicação, até que seja superada a pandemia”, escreveu o bispo.

Do outro lado da cidade, na zona sul, a diocese de Santo Amaro também preparou orientações aos frequentadores das igrejas. A substituição do abraço da paz, a comunhão nas mãos e ambientes arejados estão no material divulgado nas redes sociais.

Em Itaquera, a preocupação agora é como deve ficar a celebração da Semana Santa, período em que a Igreja Católica celebra a crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nesta terça-feira (17), uma reunião com dirigentes das comunidades deve decidir quais medidas serão tomadas na paróquia.

O mestrando em Ciências Biológicas Daniel Soares de Queiroz, 25, participa da Igreja Cristã da Família de Guaianases.

Ele conta que os fiéis foram orientados a seguir as orientações comuns, como evitar contato com pessoas doentes e evitar tocar olhos, nariz e boca. Neste domingo, no culto, a equipe do ministério Ágape [responsável pela recepção de membros] ofereceu álcool gel para todos que entraram.

“Não estamos desesperados de medo. Espiritualmente estamos tranquilos”, pontua Daniel. ” Mas, socialmente, temos uma responsabilidade, não seremos agentes transmissores deste vírus”.

OUTROS EVENTOS

No primeiro fim de semana após a confirmação da pandemia de coronavírus, eventos noturnos famosos em periferias de São Paulo foram mantidos. Em Paraisópolis, na zona sul, o Baile da Dz7 foi realizado, assim como outras casas noturnas da região. Por outro lado, havia dúvidas sobre como se prevenir.

Em ambientes fechados, a principal precaução foi que quem estivesse gripado não deveria participar.

Ao longo da sexta-feira (13) alguns eventos previstos para as periferias da capital foram adiados. Um deles foi a Taça das Favelas, que realizaria peneiras em vários campos da cidade para escolher os jogadores que participarão do torneio.

Também foram suspensos os jogos da Super Copa Pioneer, um dos principais da várzea de São Paulo. No entanto, outras competições tiveram partidas.

A Perifacon, evento da cultura nerd com segunda edição prevista para abril em Cidade Tiradentes, foi adiada inicialmente para junho.

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Lucas Veloso

Jornalista, cofundador e correspondente de Guaianases desde 2014.

Paulo Talarico

Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.

Vagner de Alencar

Cofundador e diretor de jornalismo da Agência Mural. É jornalista graduado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestre e doutor em Educação pela PUC-SP. Foi correspondente de Paraisópolis e escreveu o livro "Cidade do Paraíso - Há vida na maior de São Paulo".

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