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Agência de Jornalismo das periferias

Katia Flora/Agência Mural

Por: Katia Flora

Notícia

Publicado em 15.08.2023 | 18:23 | Alterado em 29.08.2023 | 17:42

Tempo de leitura: 4 min(s)

Falta de iluminação, sem banheiros, e muita sujeira. Essas são algumas das reclamações dos moradores que precisam pegar ônibus dentro do Terminal Rodoviário de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. O local passa por obras desde o ano passado, mas houve paralisações e há dúvidas sobre o prazo final dos trabalhos.

No ano passado, o ex-prefeito Clovis Volpi (PL) publicou que a obra duraria aproximadamente 12 meses. Mas, segundo o contrato, o trabalho deve se estender até o final do próximo ano. Hoje o filho de Clovis, Guto Volpi (PL) é o prefeito, após vencer uma eleição suplementar por conta do afastamento do pai.

O Terminal Rodoviário foi inaugurado em 2009 e, desde então, há queixas sobre a estrutura do espaço, como infiltrações no telhado de madeira e as vigas expostas.

Post do ex-prefeito Clovis Volpi indicava 12 meses de obras @Reprodução/Facebook

A professora da rede estadual Valderez Maria Coimbra, 63, diz que a reforma reduziu o espaço de circulação dos pedestres e os tapumes na entrada também complicaram o trajeto de quem depende do transporte público. Além disso, há falta de banheiros para os passageiros.

“A própria arquitetura do [terminal] não é muito funcional porque é alongada, então a distância para percorrer até chegar na parada do ônibus, para quem tem mobilidade reduzida, é complicada. O tipo de piso também é inacessível aos cadeirantes”, diz a educadora que faz parte do Codema (Conselho Municipal de Meio Ambiente).

Ela mora no município há 54 anos e utiliza o transporte público para lecionar na escola estadual que fica no bairro São Caetaninho. Também cita que os pontos ficam lotados nos horários de pico.

Reforma que tem parceria do governo do estado orçada em R$ 5 milhões @Katia Flora/Agência Mural

Localizada no ABC, Ribeirão Pires é uma cidade de 115 mil habitantes e considerada Estância Turística, por conta das áreas de preservação ambiental como a Represa Billings. A reforma do terminal foi planejada como forma de apoiar o turismo local.

Em maio, Valderez participou da reunião ordinária do Codema, junto com alguns representantes da prefeitura, quando foi tratado sobre a paralisação da obra parada, a segurança dos passageiros e o prazo da entrega.

Na ocasião, alegaram que o projeto é uma parceria da cidade com o governo do estado, por intermédio da Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos). Integrantes da gestão afirmaram ter ocorrido nos repasses para seguir com a reforma. Durante a conversa, a informação é de que as obras voltariam ‘a todo o vapor’.

Procurada, a Secretaria Estadual de Turismo negou atrasos e afirma que o Dadetur já fez o repasse de R$ 4,4 milhões em recursos do estado e que cabe ao município a contrapartida de R$ 625 mil.

A entidade afirma ainda que o convênio pactuado pelo estado com a cidade de Ribeirão Pires para reforma do Terminal Rodoviário Turístico, “possui prazo de vigência até 1 de outubro de 2024, sendo de responsabilidade do município concluí-lo até a data mencionada.”

Para o auditor fiscal e ativista Alexandre da Silva, 48, falta transparência do poder público com os moradores da região. “O cronograma está atrasado e o administrador parece não se importar com isso.”

Além disso, Silva aponta a ausência de um projeto adequado de iluminação técnica, ventilação e falta de fiscais no local que acompanhem a reforma. A Agência Mural esteve no terminal e constatou que havia dois funcionários trabalhando.

“A gente não vê fiscalização com relação à integridade física do usuário. As faixas de pedestres estão mal sinalizadas. Ninguém orienta o passageiro aqui dentro. Atrapalha as pessoas que circulam, elas acabam se arriscando”, diz Silva.

Rede de proteção da obra no Terminal Rodoviário de Ribeirão Pires @Katia Flora/Agência Mural

Morador da Vila Suíça há 3 anos, o ativista diz que os ônibus demoram 40 minutos ou mais e a população desconhece a integração de linhas disponíveis – pelo terminal transitam ônibus municipais e linhas intermunicipais. Em vez de ficar esperando, ele anda cerca de 30 minutos ou utiliza transporte por aplicativo.

A filha dele, Letícia Balbina Soares, 18, estudante de nutrição no Butantã, na zona oeste de São Paulo, precisa sair antes da aula acabar para conseguir pegar o ônibus em Ribeirão Pires. “Ela precisa pegar o último às 23h10 se perder tem que ir de Uber”.

Letícia trabalha como jovem aprendiz e entra na empresa às 9h, no Jardim Ribeirão Pires. Precisa sair de casa 1h30 antes e pegar dois ônibus para chegar no horário.

“Pego o primeiro ônibus às 7h50, chego rápido no centro e tenho que esperar até 8h20 para pegar o segundo. É cansativo, poderia ter mais opções”, diz a jovem.

Há dificuldade para quem embarca no terminal @Katia Flora/Agência Mural

Outro problema citado por moradores é a iluminação. O técnico em metrologia Vagner Alencar, 36, conta que a prefeitura implantou um sistema de energia fotovoltaica (solar) no telhado do terminal, porém à noite a luz fica fraca. “As pessoas se sentem inseguras e preferem esperar o ônibus fora do terminal. A administração deixou largado nesse sentido”.

Em relação à integração dos ônibus, Alencar afirma que o sistema não funciona de forma eficiente. O espaço para aguardar o transporte público fica no final da plataforma perto dos materiais da obra.

“A integração aqui é uma vergonha e humilhante para os passageiros. Deveriam divulgar com placas ou faixas”.

A Agência Mural entrou em contato com a Prefeitura de Ribeirão Pires que não respondeu até a publicação desta reportagem.

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Katia Flora

Jornalista com experiência em jornalismo online e impresso, tem publicações em diversos veículos, como Uol, The Intercept e é ex-trainee da Folha de S. Paulo no programa para jornalistas negros. Correspondente de São Bernardo do Campo desde 2014.

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