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Para maioria dos paulistanos, negros têm menos chances de emprego

O 32xSP conversou com especialistas e moradores da cidade de SP para saber a opinião sobre o levantamento, que ouviu 444 brancos e 321 pretos e pardos

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Por: Redação

Publicado em 30.11.2018 | 18:47 | Alterado em 30.11.2018 | 18:47

Tempo de leitura: 3 min(s)
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A designer Bárbara Albuquerque (Reprodução)

66% dos paulistanos acreditam que pessoas negras têm menos oportunidades no mercado de trabalho do que brancas, revela a pesquisa “Viver em São Paulo: Relações Raciais na Cidade”.

De acordo com o estudo divulgado pela Rede Nossa São Paulo e o Ibope Inteligência no dia 13 de novembro de 2018 — mês em que é celebrada a consciência negra –, apenas 27% da população considera que negros e brancos têm as mesmas oportunidades

O 32xSP conversou com especialistas e moradores da cidade de São Paulo para saber a opinião sobre o levantamento, que ouviu 444 brancos e 321 pretos e pardos.

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A designer Barbara Albuquerque, 28, elenca algumas situações pelas quais já passou na hora de buscar uma vaga de emprego.

“Já participei de entrevistas das quais eu era a única negra que tinha curso superior em uma das melhores faculdades do ramo em São Paulo, mas mesmo assim não fui chamada”, diz.

Moradora da zona sul da capital, ela conta que já perdeu uma vaga por conta do horário, após ser direcionada para o local de entrevista errado. 

“Logo que cheguei, a secretária me mandou para o setor de serviços gerais, sem ao menos perguntar a vaga que eu estava me candidatando”
Barbara Albuquerque, designer

Ao retornar para a sala correta, a entrevistadora não estava mais no local . “Só pude preencher a ficha”, completa.

Em sua turma na faculdade, Barbara afirma ter sido uma entre os três estudantes negros na turma de 40 alunos. “No mercado de trabalho, encontro pouquíssimos colegas negros, mas quando reparo na parte de serviços braçais como pedreiros, pintores, a maioria tem a pele negra”, reforça. 

A publicitária Fabiana Ferreira, 37, que é branca, conta um episódio vivido numa entrevista coletiva de emprego, na qual contava com uma candidata negra, superqualificada para a vaga. 

“Eu estava disputando uma vaga com duas moças, uma delas de pele negra, e essa eu tinha certeza que iria passar porque o currículo dela era muito melhor que o meu e o de outra menina”, diz.

“Mas, para nosso espanto, ela foi a primeira a ser dispensada. Ninguém entendeu o que aconteceu, mas eu acho que foi preconceito”, atesta a moradora da zona norte que pertence ao grupo dos 60% de brancos que acham que pessoas negras têm menos oportunidades do que brancas.

NEGÓCIO PRÓPRIO

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A cabeleireira Rosa Alice (Reprodução)

Cansada de ser dispensada de vagas de emprego, Rosa Alice Ignácio, 44, decidiu abrir o próprio negócio na zona sul de São Paulo.

“Perdi várias oportunidades, por isso resolvi virar cabeleireira e hoje tenho meu negócio, isso me fez empreender”
Rosa Alice Ignácio, dona de salão de cabeleireiro

Ela faz parte dos 73% de pretos e pardos que acham ter menos oportunidades do que pessoas brancas, segundo estudo “Viver em São Paulo”.

Ainda conforme o levantamento, 21% dos pretos e pardos acreditam ter as mesmas oportunidades do que pessoas brancas. É o que também concorda o gestor administrativo Ezio Damasceno, 25, morador da zona norte.

“O que falta hoje no mercado é gente com vontade de trabalhar, as chances são para todos”
Ezio Damasceno, gestor administrativo

Segundo Daniel Teixeira, diretor de projetos do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade), é preciso minimizar as desigualdades no ambiente corporativo.

Há 20 anos, a instituição que realiza pesquisas e programas sobre raça e gênero no mercado de trabalho, e oferece oficinas de formação em empresas.

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“Fazemos quatro encontros por ano em diversas companhias e discutimos medidas que podem ser tomadas na direção para uma maior igualdade. Nesses momentos, as empresas se abrem para essas discussões e para outra cultura organizacional para políticas e práticas de equidade racial”, completa.

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