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Agência de Jornalismo das periferias

Flávio Santos/União Notícias

Por: Laís Lopes

Notícia

Publicado em 05.11.2021 | 4:55 | Alterado em 23.11.2021 | 20:56

Tempo de leitura: 4 min(s)

Aos poucos, as partidas de futebol mais conhecidas como “babas” voltam a reunir amigos e formar competições nas quadras espalhadas pelos bairros do complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador.

Na quadra localizada na orla de Amaralina, recém reformada pela Prefeitura, os jogos acontecem toda segunda-feira, a partir das 19h, e costuma reunir cerca de 25 jogadores que se revezam durante as partidas. O local foi interditado durante a pandemia e os jogos suspensos, como medida de prevenção.

Jogares em partida da Copa de Verão 2021, no Campo do Bariri, no bairro da Santa Cruz @Flávio Santos/União Notícias

O atendente Alisson Nobre, 23, é um dos participantes do baba na quadra. Ele trabalha durante a semana em um restaurante e, no seu único dia de folga, reúne um grupo de amigos para jogar.

“O baba é algo muito importante. Além de uma atividade física, é um momento de lazer na minha folga, de jogar bola, de estar com meus amigos me divertindo”, diz o jovem, que sonhava ser jogador de futebol na infância.

Nobre conta que chegou a fazer parte do time base do Esporte Clube Vitória quando tinha 16 anos, mas precisou abrir mão do sonho por questões financeiras.

“Jogo desde criança. Meu pai e meu avô costumavam me levar no estádio, e o futebol sempre foi minha brincadeira favorita. Tive a oportunidade de participar na adolescência da peneira do meu time de coração [Esporte Clube Vitória] e passei. Não pude continuar, mas jogar com meus amigos me ajuda a estar mais próximo desse sonho”

Aguardando a segunda dose da vacina contra a Covid-19, Nobre conta que os amigos costumam questionar a respeito do estado de vacinação uns dos outros e afirma que todos os participantes mais assíduos já tomaram, pelo menos, a primeira dose do imunizante.

Já no Campo do Bariri, quadra localizada no bairro da Santa Cruz, a Copa de Verão 2021 voltou este ano a movimentar os fins de semana dos moradores. O torneio teve início em setembro e se encerra no dia 19 de dezembro.

Ao todo, 10 times locais participam das competições de caráter eliminatório, se enfrentando todos os domingos até a grande final, quando o time vencedor leva o troféu, medalhas e um prêmio de R$ 5 mil. Em 2020, o torneio não aconteceu por conta da pandemia. Nesta edição, os competidores precisam estar vacinados para participar dos jogos.

O conselheiro tutelar Alexandre Almeida, 35, organizador da competição, comemora o retorno da competição na região. ‘’A volta do campeonato aqueceu a economia. Hoje o campo traz uma ótima rentabilidade aos comerciantes que vendem suas bebidas, lanches e cervejas nos domingos. O Campo do Bariri se tornou um ponto turístico no Nordeste’’, afirma.

Almeida ressalta que esse retorno também só foi possível após as reformas no campo, que ficou interditado por problemas estruturais. Ele diz que para as melhorias correu atrás de apoio de políticos e do portal comunitário União Notícias, do qual também faz parte.

A relação dele com o local é antiga. Almeida segue o legado do seu pai, Evaldo Batista, que organizava essa mesma competição há cerca de 30 anos e conseguiu reunir mais de 32 times. Além de movimentar a economia local, com um crescente número de ambulantes e moradores que vão assistir aos jogos, a Copa de Verão 2021 também possui um cunho solidário.

“Nós não cobramos nenhum valor para que os times possam participar, nós doamos o uniforme padrão para os times. Se um jogador leva um cartão amarelo, ele paga a multa com alimentos não-perecíveis; se for cartão vermelho, ele precisa doar uma cesta básica. Todos esses alimentos são doados para a própria comunidade”, explica o organizador.

O professor de educação física Diógenes Andrade, criador do Esporte Clube Serra Verde @Arquivo pessoal

Um jogador de baba da região que não vê a hora de voltar aos campos é o professor de educação física Diógenes Andrade, 32, mais conhecido como Didi. O Esporte Clube Serra Verde, time fundado por ele há mais de 10 anos, pretende disputar o campeonato no Campo do Areal em 2022.

Este ano o torneio ainda não foi possível por conta da pandemia. Mas Didi não desanima e relembra as conquistas do time com nome inspirado em uma das ruas do seu bairro, o Vale da Pedrinhas.

“O time era mais para resenha, uma brincadeira entre amigos, mas hoje tem um papel importante na vida de muitas pessoas que amam e se aproximam para fazer tudo dar certo”, afirma Didi.

Entre os títulos colecionados em competições locais pelo Esporte Clube Serra Verde, há prêmios como melhor jogador, jogador destaque, jogador revelação, melhor goleiro, melhor defesa e melhor torcida. O atual diretor do clube destaca ainda a importância do time para a região e sua contribuição na desconstrução das imagens negativas sobre a comunidade.

“O Nordeste de Amaralina é visto de uma forma que sabemos que não é verdade, temos muitas coisas aqui que abrilhantam e engrandecem o nosso bairro. O Serra Verde é uma delas”, afirma Didi.

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Laís Lopes

É estudante de Jornalismo e correspondente do Nordeste de Amaralina no Barra/Pituba. Acredita que o jornalismo é revolucionário e uma enorme potência capaz de ouvir a quem precisa falar.

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